Evo Morales nacionaliza gás natural e petróleo da Bolívia

O Presidente da Bolívia, Evo Morales, fez ontem um anúncio surpresa, decretando a nacionalização da indústria do gás natural e petróleo do país, e adiantando que forças do Governo controlam já os campos de ambos os recursos naturais. "Acabou-se o saque dos nossos recursos naturais por empresas estrangeiras", afirmou Morales, no campo petrolífero e de gás de San Alberto, citado pelas agências. O anúncio coincidiu com o Dia do Trabalhador e foi feito na véspera de se cumprirem 100 dias da governação de Morales.
O Presidente da Bolívia acrescentou que em 60 dias será reformada a empresa pública do petróleo (Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos), que ficará encarregada do controlo, armazenamento, distribuição e industrialização dos hidrocarbonetos. Morales deu às empresas estrangeiras seis meses para reverem os seus contratos e passarem a produção para a empresa boliviana, ou saírem do país. Como explicou o vice-presidente Álvaro García Linera, num discurso feito entretanto, "antes as empresas [estrangeiras] ganhavam 82 por cento - agora, ganharão 18 por cento, e 82 por cento ficará para o Estado".
"Chegou a hora, o dia esperado, o dia histórico em que a Bolívia retoma o controlo absoluto dos nossos recursos naturais", disse o Presidente, que fez o anúncio com um capacete de mineiro na cabeça, do campo que é operado pela Petrobras e pela Repsol. Após o discurso de Morales, um soldado içou a bandeira da Bolívia sobre o local.
O decreto de nacionalização, ontem assinado e lido por Morales, foi mais além do que previam as empresas, afirmaram várias fontes diplomáticas contactadas pela agência Efe, adiantando que as petrolíferas estrangeiras devem, agora recorrer a arbitragens internacionais ou sair do país.
As principais companhias petrolíferas são a Petrobras (Brasil) a Repsol YPF (Espanha-Argentina), a British Gas e British Petroleum (Grã-Bretanha) e a Total (França). A Bolívia tem as segundas maiores reservas de gás natural da região a seguir à Venezuela.

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