Bongo, o mais velho amigo de Paris

a A 6 de Maio de 2007, dia em que vence as eleições, Nicolas Sarkozy telefona a um chefe de Estado estrangeiro: Omar Bongo Ondimba, o inamovível Presidente do Gabão. "Nicolas Sarkozy disse-me simplesmente: 'Obrigado pelas opiniões e conselhos'", contará depois aquele a quem chamam o decano dos Presidentes africanos. No poder sem interrupções desde 1967, Bongo conhece, de facto, uma longevidade excepcional, que não deve nada à transparência nas urnas.
Está no centro do caso dos "bens mal-adquiridos". Mas está também - e sabemo-lo menos - no centro da vida política francesa, conhecendo todos os seus segredos.
Ao comando de Libreville com a ajuda activa de Paris, o homem baixo de óculos negros conheceu praticamente todos os Presidentes da V República.
Observador atrevido e gozão da cena política francesa, sabe localizar e apoiar os homens e mulheres que contarão no futuro.
Bongo conhece Sarkozy desde a época em que este era apenas presidente da Câmara de Neuilly. "Em Paris, quando não podia ver Chirac por um problema de agenda de um dos lados, era Sarkozy que servia de intermediário entre nós", lembra com agrado.
Atribui-se também a Bongo o financiamento oculto de muitas campanhas eleitorais. O retorno do seu investimento é real: quando Bongo está em Paris, metade do Governo francês vai visitá-lo. Em fins de Maio de 2007, o chefe de Estado do Gabão recebeu em audiências, como disse a televisão gabonesa, vários responsáveis: Brice Hortefeux, Eric Woerth, Alain Juppé, Roselyne Bachelot, Bernard Kouchner. Vieram testemunhar a sua amizade indefectível ao decano. Além disso, não se recusa nada a Bongo, nem mesmo reduções de dívida. Porque, ainda que tenha substanciais reservas de petróleo, exploradas pela Elf ou depois pela Total, o Gabão nunca conseguiu descolar economicamente, ao contrário do património imobiliário da família Bongo em França, em expansão contínua.
Este apoio sem falhas de Paris explica-se também por considerações geostratégicas. O Gabão é um aliado fiel da França, tanto na ONU como em África, e Paris tem uma base militar em Libreville, ideal para intervir no Chade ou na República Centro-Africana. Exclusivo PÚBLICO/Libération

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