Acordo entre estúdios e actores chega ao fim e fantasma de nova greve ameaça Hollywood

Tom Hanks e Jack Nicholson são cabeças de cartaz
na guerra entre sindicatos
de actores; estúdios vão mesmo interromper produção, com ou sem greve

a O acordo laboral que liga os estúdios de Hollywood aos actores terminou às zero horas e um minuto de hoje, sem que os patrões e o maior sindicato tenham conseguido negociar um novo entendimento. Ninguém fala explicitamente em greve, mas os estúdios não querem correr o risco de trabalhar sem acordos e vão mesmo parar de novo, cinco meses após o fim dos quase 100 dias de paralisação dos argumentistas.A segunda crise laboral da indústria norte-americana do cinema e da televisão da temporada não está a travar-se apenas entre os estúdios e os sindicatos. Ao contrário dos guionistas, que se mantiveram unidos, os mais de 120 mil actores envolvidos nesta negociação estão divididos.
É uma verdadeira guerra de estrelas, com Tom Hanks, Sally Field e James Cromwell de um lado e Jack Nicholson, Viggo Mortensen ou Martin Sheen do outro.
Os primeiros apoiam a American Federation of Television and Radio Artists (AFTRA), que representa 70 mil actores e chegou a um acordo com os estúdios, que será votado no dia 8. Os segundos apoiam a posição do maior sindicato, a Screen Actors Guild (SAG), que tem 120 mil membros, 44 mil dos quais pertencem também à AFTRA. Ao fim de 41 dias de negociações, a SAG não se entendeu com os estúdios e contesta o acordo da organização rival.
George Clooney chamou a si o papel de pacificador nesta guerra e apelou ao entendimento entre as duas organizações: "A única coisa de que podem estar certos é que estas histórias sobre Jack Nicholson versus Tom Hanks só vão reforçar o poder negocial da AMPTP [Alliance of Motion Picture and Television Producers]", disse o actor, na semana passada.
Por agora, a SAG diz que não irá para a greve: "Não tomámos qualquer medida para pedir aos membros do SAG que votem a autorização de uma greve", disse Alan Rosenberg, da direcção deste sindicato, à revista Variety. Mas o SAG está a tentar convencer os actores inscritos no AFTRA (incluindo os que pertencem aos dois sindicatos) a não votarem favoravelmente o acordo destes com os estúdios.
A próxima data-chave do conflito entre actores é 8 de Julhos: se os membros do AFTRA aprovarem o acordo, o SAG perde força. Caso contrário, poderá ainda avançar para a greve, mas precisará de pelo menos três semanas para a convocar. A AFTRA considerou a posição da SAG "politicamente motivada", diz o diário Los Angeles Times.
O cerne dos acordos são, tal como no caso dos guionistas, os direitos relacionados com os DVD e os novos media, com a SAG a assumir uma posição mais dura do que a AFTRA.
Cinco meses após o fim da greve dos guionistas, que custou 1600 milhões de euros, Hollywood vai parar de novo. "A indústria vai fechar por causa da liderança da SAG, que insistiu em prolongar as negociações para continuar a atacar a AFTRA", disse a AMPTP.

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