População quer suspender plano para a Peneda-Gerês

Habitantes queixam-se de não terem sido ouvidos e marcaram manifestação para hoje, em Braga

A população residente no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) queixa-se de que o Plano de Ordenamento foi decidido sem que a sua opinião tenha sido ouvida. Os habitantes manifestam-se esta tarde em Braga e vão exigir ao Governo que a revisão do documento seja suspensa.

O protesto, organizado pela comissão de moradores Peneda-Gerês com Gente, está marcado para a Avenida Central, em Braga, e será seguido de uma marcha até ao governo civil do distrito, onde a população pretende entregar uma carta dirigida à ministra do Ambiente, com as principais críticas à gestão do PNPG. São esperadas mais de mil pessoas no protesto.

A comissão de moradores considera que o Plano de Ordenamento foi "elaborado de forma desajustada e prepotente" e que "retira direitos e impõe medidas altamente lesivas para a população residente" na área classificada. Os moradores entendem também que a discussão pública do documento - que terminou no início do mês passado - "teve um tempo limitado" e exigem a suspensão do processo de revisão do plano.

Além disso, as populações da área do parque nacional reclamam a inclusão no regulamento do parque de uma referência ao estatuto dos povos da região. "A direcção do parque esquece sucessivamente que a Peneda-Gerês é o que é hoje graças à presença da população e ao esforço que tem sido feito na conservação ", sublinha José Carlos Pires, presidente da comissão de moradores. "O parque põe e dispõe dos terrenos, mas esquece-se que estes são privados", critica.

A população vai também exigir ao Estado contrapartidas para colmatar os prejuízos causados à população pelo impedimento do exercício das actividades económicas excluídas da área protegida.

O director do PNPG, Lagido Domingues, recusa as críticas e lembra que os dossiers de trabalho e propostas de regulamento foram postos à disposição da população em todas as juntas e câmaras do perímetro do parque. "Houve uma discussão pública de facto", defende. Para o mesmo, a direcção do parque tem tido "uma preocupação muito grande em respeitar as populações e reconhecer que o parque é o que é em resultado da intervenção das populações". E faz notar que a metodologia de trabalho na base do plano foi alterada de forma a beneficiar os habitantes. A área de ambiente natural era muito mais alargada na proposta inicial, mas isso acabou por ser acertado. "Não quisemos colidir com as populações", afirma Domingues, acrescentando que, comparativamente ao anterior plano", as populações não saem prejudicadas; pelo contrário".

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