População de Almada teme "erros da Expo" na Margueira

Os receios quanto à densidade urbanística que se prevê para a zona da Margueira, o perigo de repetição dos "erros cometidos na Expo 98" e o medo de que se abandone a requalificação das zonas históricas de Almada, foram algumas das preocupações levantadas pela população na noite da passada sexta-feira, numa sessão pública em que a Câmara de Almada e os projectistas apresentaram o cenário escolhido para a recuperação da Frente Ribeirinha de Almada Nascente. O consórcio luso-britânico responsável pelo projecto, que integra a WS Atkins e os ateliers do arquitecto Santa-Rita e do inglês Richard Rogers, especialista em arquitectura bioclimática, tem até ao final do ano para concluir o Plano de Urbanização, para que depois seja apreciado pela autarquia, sujeito a inquérito público e posteriormente ratificado pelo Governo. Como «balizas» de trabalho tem os cenários A0 e B, de entre quatro que foram equacionados, por se ter considerado serem os que melhor conciliam as vertentes de habitação, emprego, equipamentos sociais, culturais e de investigação. Ficaram excluídos os cenários A1 e C, aqueles em que dominava a ocupação do solo para habitação.Maria Emília Sousa, presidente da Câmara de Almada, procurou, durante a sessão que decorreu no Fórum Romeu Correia, tranquilizar a população quanto às dúvidas apresentadas, garantindo que "o que ficar definido no Plano de Urbanização, e que será alvo de audição pública, é para cumprir". Assegurou ainda que "Almada Nascente é apenas um dos projectos em curso" e que "não vai ser esquecida a requalificação de outras zonas", nomeadamente o Largo de Cacilhas ou o Cais do Ginjal. A frente ribeirinha de Almada Nascente contempla 115 hectares, que se estendem de Cacilhas à Cova da Piedade, abrangendo o antigo estaleiro naval da Margueira. Com o projecto de requalificação, que se pretende venha a criar uma nova cidade, ficarão reunidas as condições para que ali residam, pelo menos, mais 12 mil pessoas, e trabalhem outras tantas.Uma das vertentes apontada por Ana Roxo, arquitecta da Atkins, como fundamental para o sucesso do projecto, é o esquema de acessibilidades, em que já se prevê a construção de um túnel de ligação entre a Rotunda do Brejo e a zona da ETAR, a deslocalização do Terminal de Cacilhas para a Doca 13, bem como a extensão do Metro Sul do Tejo à área de intervenção. "O MST será a coluna vertebral de desenvolvimento desta zona", sublinhou a arquitecta. Nos termos de referência para elaboração do Plano de Urbanização aponta-se ainda que a frente ribeirinha será sempre de uso público. Na Doca 13 deverá ser construído um terminal para cruzeiros. Maria Emília Sousa adiantou ainda que apresentou ao actual ministro das Obras Públicas e ao secretário de Estado dos Transportes, numa reunião que teve lugar na passada quinta-feira, os contornos do protocolo estabelecido com o anterior ministro Carmona Rodrigues, e que define as soluções para os problemas que têm sido levantados a propósito do Metro Sul do Tejo, nomeadamente a construção do interface de Cacilhas, que se deseja venha a localizar-se na zona da Margueira. No entanto, terá de ser encontrada uma solução transitória, enquanto o projecto não avançar. O documento, aprovado por todas as forças políticas representadas na Assembleia Municipal, aborda também questões relacionadas com o faseamento global da obra, a necessidade de cumprimento do sistema de segurança e da declaração de impacte ambiental, a integração de questões inerentes ao plano de mobilidade (compatibilização de cruzamentos com a circulação rodoviária e instalação de semáforos) e criação de estacionamento. Deverá ainda resolver questões polémicas associadas ao comércio local e aos moradores da Rua Conceição Sameiro Antunes, na Cova da Piedade, e no "triângulo da Ramalha".

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