Câmara de Lisboa vai organizar rede para combater desperdício de comida

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Ideia é evitar que excedentes de cantinas e restaurantes vá para o lixo PEDRO GRANADEIRO / NFACTOS

Sobras em bom estado serão encaminhadas por diferentes instituições para as famílias pobres, segundo uma moção do CDS-PP, aprovada por unanimidade

A Câmara de Lisboa aprovou ontem, por unanimidade, uma moção do CDS-PP contra o desperdício alimentar. A ideia é que a autarquia crie um programa que evite que as sobras de muitos dos restaurantes e cantinas de Lisboa vão parar ao lixo, quando podiam alimentar quem delas precisa. "Não se trata de criar uma estrutura burocrática, mas sim de pôr em contacto aqueles que têm excedentes alimentares e as entidades que os podem encaminhar para quem deles necessita", explica o vereador do CDS-PP António Carlos Monteiro.

A iniciativa surge na sequência da petição contra o desperdício alimentar lançada por um piloto da TAP, António Costa Pereira, que estima que entre 35 mil e 50 mil refeições, em perfeitas condições, vão parar ao lixo todos os dias. Entidades como a Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Associação Nacional de Municípios e a Associação dos Restaurantes e Similares de Portugal já se juntaram ao movimento desencadeado por António Costa Pereira, que será recebido pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa (PS).

Reaproveitar nas escolas

A moção ontem aprovada defende que a câmara promova um encontro urgente com instituições particulares de solidariedade social, juntas de freguesia, paróquias e outras instituições, para estabelecer a forma como as refeições serão encaminhadas em tempo útil.

"A Câmara Municipal de Lisboa não pode ficar indiferente à defesa dos mais necessitados e ao aumento exponencial da fome e pobreza na cidade", refere o documento aprovado por unanimidade. "Assiste-se hoje a um crescimento exponencial da pobreza, muita dela escondida, mostrando a realidade daqueles que são já denominados como novos-pobres", lê-se.

A autarquia também poderá vir a participar neste programa local contra o desperdício alimentar, com a comida proveniente das suas cantinas. "Já estamos a equacionar a hipótese de reencaminhar as sobras provenientes dos 90 refeitórios dos jardins-de-infância e escolas do primeiro ciclo", diz o vereador com o pelouro da Educação, Manuel Brito. "Nesse sentido, estamos a contactar as empresas que fornecem as escolas."

Além disso, a moção prevê que o município colabore com os diferentes parceiros "na procura dos meios, locais e equipamentos" para concretizar a ajuda. "É obrigação de todos, principalmente daqueles que têm responsabilidades políticas, travar o obsceno desperdício alimentar", defende o vereador do CDS-PP. E ficou estabelecido que a Câmara de Lisboa seja informada todos os meses, e de forma detalhada, da concretização deste programa.

Já na passada terça-feira os centristas tinham apresentado uma recomendação do mesmo teor na Assembleia Municipal de Lisboa, que foi igualmente aprovada por unanimidade. Ignorado até há pouco tempo por instituições e partidos políticos, o piloto da TAP conta agora com o seu apoio. A sua petição já ultrapassou as 67 mil assinaturas.

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