Lourinhã quer parque temático dedicado aos dinossauros em 2013

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Lourinhã quer ser conhecida como a capital dos dinossauros daniel rocha

Projecto de dez milhões de euros não pretende ser um parque de diversões mas sim um museu ao ar livre com uma forte componente científica, lúdica e pedagógica

Na Lourinhã, irá nascer, na Páscoa de 2013, um parque de dinossauros. Um sonho antigo que a câmara vai agora conseguir viabilizar em parceria com a Dinosaurier-Park, uma empresa alemã que se especializou neste tipo de parques temáticos. Esperam vir a receber 135 mil visitantes por ano, a 12 euros o bilhete.

Há 11 anos custava 32 milhões de euros. Depois estimou-se o investimento em 20 milhões. Era muito caro e arriscado. Para ser rentável, o parque de dinossauros da Lourinhã teria de ter 200 mil visitantes por ano a pagarem cerca de 20 euros por entrada.

Em tempos de crise, a câmara municipal recuou e a vila que quer ser conhecida como a capital dos dinossauros (tem um acervo impressionante de achados paleontológicos) adiou a construção de um parque temático que ajudaria a consolidar esta imagem de marca.

Até que a visita de uma comitiva lourinhanense a um parque de dinossauros na Alemanha, em Munchehagen (a 40 quilómetros de Hanôver), deu um novo fôlego a este projecto: em vez de um parque de diversões com carrosséis e montanhas-russas era possível fazer-se um parque temático, uma espécie de museu ao ar livre, que era também substancialmente mais barato. A cereja em cima do bolo: havia investidores alemães interessados na Lourinhã.

A Dinosaurier-Park Munchehagen GmbH & Co. é uma sociedade privada que começou por explorar pedreiras até que resolveu tirar partido da descoberta de achados paleontológicos numa da suas explorações que tinha pegadas de dinossauros e transformá-la num parque temático. Acabou por se especializar na área e forneceu conhecimento técnico e material para mais oito parques em vários países, três dos quais na Alemanha.

"Comecei a imaginar a reprodução disto na Lourinhã, no Pinhal dos Camarnais", disse ao PÚBLICO o vereador da câmara local, Vital do Rosário, que visitou Munchehagen. "Eles têm um edifício central com uma zona museológica, administrativa e de restauração e um circuito exterior onde se podem ver réplicas à escala real dos seres existentes nos vários períodos geológicos."

O projecto, que ficará situado a quatro quilómetros a norte da vila, tem um impacto ambiental mínimo, porque é o próprio pinhal que acolhe o parque temático. Após a visita à Alemanha, a autarquia lançou um concurso de ideias que recebeu cinco propostas, "das quais a mais consistente era a do grupo alemão", contou Vital do Rosário.

O investimento de dez milhões de euros tem à partida cinco milhões assegurados pela Dinosaurier-Park, devendo o restante ser obtido através de uma candidatura a fundos comunitários. É neste pressuposto que se estima um número mínimo anual de 135 mil visitantes para manter o investimento no limiar da rentabilidade. A preços de 12 euros por pessoa.

E se não houver financiamento do QREN? Vital do Rosário diz que há investidores indianos, belgas e portugueses interessados no projecto. Mas, nesse caso, teria de ceder na aceitação da componente diversão do projecto, que migraria para uma disneylândia dos dinossauros, coisa que não deseja.

Capacidade de atracção

Carlos Lobo, da consultora Ernst & Young, e que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo de Sócrates, é um lourinhanense por adopção. É ele quem tem dado apoio à autarquia no desenvolvimento deste projecto.

E está optimista, tendo em conta a capacidade de atracção da região oeste: "Só Óbidos recebe dois milhões de visitantes por ano, o Parque Oriental do Joe Berardo no Bombarral tem 500 mil e mesmo o Museu da Lourinhã, que são duas assoalhadas, recebe 30 mil pessoas", diz. E há ainda Peniche, mesmo ao lado, com toda a dinâmica proporcionada pelo surf, para não falar na proximidade à Grande Lisboa.

Vital do Rosário reforça que o parque de Munchehagen recebe 170 mil pessoas por ano e está fechado nos meses mais frios. O da Lourinhã estará aberto todo o ano e beneficia ainda de um grande envolvimento por parte da população, que se identifica com a temática dos dinossauros.

É fácil encontrar empresas com nomes como Dinorações, Dinopão ou Dinokart, o que prova essa identidade, refere o professor de Paleontologia da Universidade Nova, Octávio Monteiro. "O próprio museu dos dinossauros da Lourinhã emerge da sociedade civil. Não é explorado pela câmara, mas sim pelo GEAL [Grupo de Etnologia e Arqueologia da Lourinhã], e são as pessoas que nos fazem chegar grande parte dos achados que constituem o nosso acervo."

Responsável científico pelo museu, este paleontólogo não tem dúvidas de que Portugal e a Lourinhã são especialmente ricos em vestígios de dinossauros a nível europeu e mundial, o que constitui também um motivo de entusiasmo para os investidores alemães, que lamentam não encontrar essa mesma identidade relacionada com a temática nas outras cidades onde já estão instalados.

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