Ó da Barca alerta para assoreamento no rio Mondego

Sociedade anónima de Coimbra denuncia margens "pouco cuidadas" e a existência de alguma areia já à superfície

O assoreamento e a limpeza das margens do rio Mondego "preocupam" a administração da sociedade anónima Ó da Barca, responsável pela embarcação Basófias, que faz viagens no rio Mondego, em Coimbra. O alerta foi feito ontem por José Carlos Martins, presidente da sociedade, durante uma travessia em que teve oportunidade de mostrar aos jornalistas "as margens pouco cuidadas" e alguma areia "quase à superfície". Para José Carlos Martins, o facto de o Basófias poder deixar de navegar, em virtude do nível elevado de areias depositadas no rio, é "o menos grave" quando comparado com "o risco de inundações" e com a impossibilidade de os atletas do remo exercerem a sua modalidade por precisarem, para tal, de um "caudal com profundidade".
"Coimbra está a ficar tão bonita e é uma pena que, depois, a água leve tudo", lamentou José Carlos Martins, enquanto passava em frente ao Parque Verde do Mondego, explicando que o risco de inundação é elevado se o leito do rio subir.
"O Miguel [ao leme] já está à procura de uma zona mais funda para passar a embarcação", dizia José Carlos Martins, enquanto o barco desviava ligeiramente o percurso. E o responsável pelo Basófias, embarcação com mais de dez anos, ia relembrando, com alguma nostalgia, o primeiro dia, agitado, em que o Basófias chegou a Coimbra: "Antigamente, ia até à Portela", contou o administrador, frisando que, actualmente, "já nem chega à Universidade Vasco da Gama".
Neste momento, "o navio e não o barco" - frisou José Carlos Martins - invertia a marcha para regressar ao sítio de onde havia partido, no Parque Manuel Braga. Era o fim da viagem: "Estamos em frente ao Pólo II. A Portela ainda está muito longe, talvez a três quilómetros, ainda", lamentava o responsável, que não compreende por que razão não se retira "alguma" areia do rio, já que na sua opinião é "um recurso natural" desaproveitado. "Coimbra tem aqui um depósito a prazo", afirmou, sublinhando que o preço de um metro cúbico de areia é "bastante razoável".
Apesar de não ser "engenheiro hidráulico", José Carlos Martins acredita que "retirar um ou dois metros de areia desde a ponte do Açude até ao Zorro" seria o suficiente. Contudo, ressalva que a situação deve ser estudada por engenheiros e ambientalistas e que a si "só lhe compete alertar": "O que eu sei é que não é possível manter o rio neste estado".
O PÚBLICO tentou contactar Rosa Pires, responsável pela área do Ambiente, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, mas não foi possível obter qualquer reacção, uma vez que se encontrava ausente da cidade por motivos profissionais.

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