Futura auto-estrada entre Viseu e Coimbra passa ao lado do IP3

Em cima da mesa estão três trajectos diferentes, que estão a ser apresentados às autarquias da região. Ruas defende futura
via sem portagens

O estudo de viabilidade da futura auto-estrada Viseu-Coimbra, da responsabilidade da empresa Estradas de Portugal (EP), apresenta três alternativas, todas elas com um percurso totalmente independente do actual IP3. O estudo foi ontem discutido com o presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, que em declarações aos jornalistas explicou que dois dos corredores são praticamente semelhantes, passando à direita do IP3 (no sentido Viseu-Coimbra). A terceira solução inicia-se à esquerda do actual troço, inflectindo depois também para a direita. Com esta infra-estrutura ficará concluída a A24 (correspondente à duplicação do IP3), que vai até Chaves."Esta auto-estrada entre Viseu e Coimbra é muito necessária. Segundo uma informação que me chegou, no actual IP3 circulam 14 mil veículos por dia e seguramente 20 por cento serão veículos especiais, como ambulâncias. O que significa que a uma situação delicada se junta outra, que é o circular neste inferno", salientou Fernando Ruas.
As três propostas consideradas no estudo de viabilidade prevêem um trajecto construído de raiz, sem que seja aproveitado qualquer troço do IP3. "A solução que eu prefiro inflecte para o lado direito, logo em Fail (Viseu), e passa entre o actual [campo de] golfe [na freguesia de Farminhão] e São Miguel de Outeiro (Tondela). Segue depois pelo chamado Vale de Besteiros", explicou o autarca, realçando que desta forma se optaria pela zona menos acidentada, em termos geográficos. "Eu achava que devia ser evitado aquele obstáculo, meio artificial, meio natural, da Barragem da Aguieira, e este troço evita-o", acrescentou ainda.
Fernando Ruas alertou a "equipa multidisciplinar", que apresentou o estudo de viabilidade, que nesta alternativa apenas "falta um nó de acesso ao concelho", que facilitará o caminho de quem segue, por exemplo, para o campo de golfe.
Segundo o presidente da Câmara de Viseu, esta alternativa, a ser escolhida, irá reduzir a distância entre as duas cidades. "Estamos a falar de uma via - entre Fail (Viseu) e Souselas (Coimbra) - com 70 quilómetros, não mais!"
Construção só começa
no início de 2008
A segunda solução de trajecto é praticamente semelhante à primeira, tendo apenas "pequenas variações" face à localização das povoações. O autarca refere que a terceira opção, à esquerda do actual IP3, "está praticamente afastada", porque, além de ser mais longa, a equipa da EP não demonstrou "grande entusiasmo".
Realçando que o processo ainda está numa fase embrionária, o social-democrata acredita que a construção não será iniciada "antes de 2007 ou inícios de 2008". Na opinião de Fernando Ruas, ainda que o actual IP3 passe a ser uma via alternativa, a nova auto-estrada não deverá ter portagens. "Não estou a ver as pessoas a circularem na A24 a norte sem pagar portagens e depois para sul terem de as pagar", ilustrou.

Autarcas da região divididos
Nas soluções apresentadas pelo estudo de viabilidade, a futura auto-estrada Viseu-Coimbra irá atravessar os concelhos de Viseu, Tondela, Santa Comba Dão, Mortágua, Mealhada e Coimbra.
Contactado pelo PÚBLICO, Orlando Mendes, presidente da Câmara de Santa Comba Dão, mostrou-se indignado com as propostas uma vez que os percursos são "semelhantes ao IC12", chumbado pelo anterior Governo. O projecto do IC12 foi apresentado pelo executivo socialista de António Guterres e previa a ligação entre Mangualde e Mira. Apesar disso, apenas o troço entre Canas de Senhorim (Nelas) e Santa Comba foi construído. Já durante o mandato de Durão Barroso, o estudo de impacte ambiental chumbou a ligação entre Santa Comba Dão e Mira.
"Para nossa surpresa, o trajecto é quase cópia do IC12! Esta habilidade do anterior Governo custou-nos três anos! Queremos ouvir falar é do IC12, porque este é que resolve o problema do Rojão Grande [zona de elevada sinistralidade]", dado que a auto-estrada Coimbra-Viseu é desviada daquela zona, criticou o socialista.
Já o congénere de Mortágua, Afonso Abrantes, que também sempre defendeu a conclusão do IC12, aplaude o estudo de viabilidade. "Sejam melhores ou piores do que o IC12, estas soluções beneficiam Mortágua. As alternativas propõem um nó relativamente perto da sede de concelho, pelo que passamos a estar no centro do percurso Viseu-Coimbra, o que agora não acontece", reagiu.
Também o autarca viseense, Fernando Ruas, acredita que, com a nova auto-estrada, o IC12 deixa de fazer sentido, com excepção do troço Canas de Senhorim-Mangualde.
O PÚBLICO tentou obter uma reacção do presidente da Câmara de Tondela, Carlos Marta, mas tal não foi possível até ao final desta edição.

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