Fábricas da Embraer abrem portas com 97 trabalhadores e querem continuar a contratar

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Terceiro maior fabricante mundial de aeronáutica amplia aposta em Portugal miguel manso

As duas novas unidades do fabricante aeronáutico em Évora irão enviar primeiras peças para o Brasil antes do final deste ano

As duas novas unidades da Embraer em Évora já estão a montar os primeiros componentes para serem enviados para as fábricas de aviões do grupo no Brasil, antes do final deste ano, e contrataram até agora 97 trabalhadores, disse ao PÚBLICO o presidente da Embraer para a Europa, Luiz Fuchs. O responsável estará hoje na cerimónia de inauguração juntamente com o presidente do grupo brasileiro, Frederico Curado.

Depois de começarem a ser construídas no final de 2010, no parque industrial de Évora, as duas fábricas de peças metálicas e de componentes em materiais compósitos do grupo Embraer começaram a funcionar no início do Verão, em fase de testes. O principal objectivo é produzir partes de asas e componentes para as caudas dos Legacy 450 e 500, dois jactos executivos que irão em breve ser lançados no mercado mundial.

"Devemos aumentar o número de trabalhadores um pouco até ao final do ano, mas a previsão de um maior aumento de empregados será no final de 2013, quando a produção estiver a um ritmo mais adequado", notou Luiz Fuchs, lembrando que até ao próximo ano ainda "há muito equipamento para ser instalado" nas duas unidades. A previsão é ter 400 postos de trabalho em 2015 e indirectamente contribuir com emprego para 1500 a 2000 pessoas, confirmou. Se houver uma nova fase de expansão, aliás, prevê-se que o número de postos de trabalho possa aumentar para cerca de 600.

Quanto aos trabalhadores que estão agora empregados nas duas fábricas, uma grande maioria "passou alguns meses no Brasil para terem formação, e já estão de volta, e outra parte também já está para retornar", afirma Luiz Fuchs, que elogia "o excelente trabalho que fizeram no instituto do emprego em Évora" para formarem empregados para a Embraer.

As duas novas unidades em Évora vão produzir componentes exclusivamente para as fábricas da Embraer no Brasil, onde os jactos executivos serão depois montados, mas o presidente para a Europa afasta investimentos em fábricas de aviões que fiquem mais próximas da cidade. "Todo o nosso foco é para as empresas no Brasil", indicou o responsável, adiantando que não existe nada previsto quanto a linhas de montagem de aviões do grupo em solo europeu. "Por enquanto a gente tem de colocar essas fábricas a funcionarem como deve ser. Não tem nenhuma previsão neste momento quanto a linhas de produção", sublinha Luiz Fuchs.

O grupo, que é o terceiro maior fabricante aeronáutico a nível mundial e o maior nas aeronaves com menos de 100 lugares, tem actualmente duas fábricas fora do Brasil: uma nos Estados Unidos e outra na China.

O investimento nas duas fábricas custou até agora 177 milhões de euros, acima dos 148 milhões inicialmente previstos, e recebeu ajudas de fundos comunitários. As fábricas poderão ainda produzir componentes para o futuro cargueiro militar KC-390, também do fabricante brasileiro, mas neste caso ainda falta muito tempo para a chegada do novo avião ao mercado, lembra Luiz Fuchs.

Em aberto está ainda a possibilidade de se construir uma terceira fábrica para o KC-390, num outro lote de terreno em Évora reservado para a Embraer, mas Fuchs sublinhou que por enquanto não há nada de concreto. Apenas "há um first refusal, se alguém chegar e disser que quer adquirir o terreno, a Embraer tem prioridade para querer ou não" que esse negócio se concretize.

Sines ainda em dúvida

Quanto ao transporte dos novos componentes que sairão de Évora para o Brasil, que irão por mar e irão demorar cerca de 12 dias nesse trajecto, o responsável da Embraer admite que "a previsão é usar o porto de Sines, mas também pode ser Leixões ou Setúbal". "Agora é que estamos a ter as primeiras peças e a estudar como é que as iremos embarcar. O nosso principal objectivo é termos um embarque directo para o Brasil."

"Muitos navios que saem de Portugal param no Norte de África para descarregar, mas isso nós queremos evitar, porque são peças caras e que não podem sofrer mexidas", explicou Luiz Fuchs. O porto de Sines tem sido a hipótese mais referida, pois é servido por uma linha de transporte marítimo directa entre Portugal e o Brasil.

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