Fogo regressou a Figueiró dos Vinhos e provocou a morte de um bombeiro

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Bombeiro foi apanhado pelo fogo quando foi reabastecer com água uma viatura de combate ao incêndio Manuel Roberto

Sete anos depois dos enormes incêndios que consumiram metade do concelho, Figueiró voltou a ser atingida pelas chamas

Em apenas duas horas, o incêndio que deflagrou ontem, ao início da tarde, em Figueiró dos Vinhos, deixou o concelho em estado de sítio: um bombeiro, de 55 anos, morreu; algumas centenas de pessoas que estavam em duas praias fluviais e os moradores de diversas habitações tiveram que ser evacuados. Ao fim de oito horas de combate às chamas, as autoridades de protecção civil esperavam poder controlar o fogo ainda durante a noite de ontem.

Vítor Mundinho era um bombeiro experiente. Há 19 anos que fazia parte dos Bombeiros de Figueiró dos Vinhos e conhecia bem as florestas do concelho. Participou, em 2005, no combate aos violentos incêndios que consumiram mais de metade da área do concelho, mas ontem terá sido surpreendido quando realizava um abastecimento de água.

Vítor seguia numa viatura sozinho, perto da localidade de Ana de Aviz, e quando já regressava à zona onde o fogo estava activo, já depois de ter abastecido, terá sido surpreendido pelas chamas que atravessavam a estrada de montanha. "Não sabemos ainda o que se passou. É previsível que se tenha despistado, que a viatura tenha descido pela encosta por onde o fogo subia e que depois já não tenha conseguido sair", afirmou José Manuel Moura, comandante da Protecção Civil do Distrito de Leiria, lamentado a perda de um bombeiro "de mão cheia".

O acidente mortal com o bombeiro, que aconteceu cerca das 17h, deixou em choque os elementos da corporação que, no entanto, continuaram a combater o incêndio. "Temos agora este fogo para resolver e amanhã teremos outro. Por isso, importa, em memória deste bombeiro, que era um bombeiro de mão cheia aqui de Figueiró dos Vinhos, continuar esta luta", afirmou na altura José Manuel Moura, pouco depois de ser conhecida a morte.

O bombeiro era funcionário da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos e, de acordo com o presidente da autarquia, Rui Silva, a família está a ser acompanhada por uma psicóloga que foi designada pela município. "Era um bombeiro com muita experiência que já tinha dado muito pelo concelho e infelizmente aconteceu isto", lamentou o autarca.

O incêndio deflagrou por volta das 15h e ganhou rapidamente força por causa das condições complicadas que se faziam sentir no terreno: as temperaturas próximas dos quarenta graus, zonas muito acidentadas e os ventos fortes que se faziam sentir complicaram o trabalho dos bombeiros.

Por volta das 16h, as centenas de veraneantes que se encontravam nas praias fluviais de S. Simão das Fragas e de Aldeia de Ana Aviz tiveram que ser evacuados. "Começou a notar-se muito fumo, mas só quando as autoridades chegaram e aconselharam as pessoas a sair é que todos se foram embora", conta Arménio Santos, morador da zona.

"Foi por uma questão de precaução que as pessoas foram evacuadas, nunca estiveram em risco e tudo aconteceu sem nenhum pânico", explicou o presidente da autarquia Rui Silva.

No combate às chamas estiveram envolvidos 271 homens de várias corporações, 71 viaturas e quatro meios aéreos. Alem do bombeiro que faleceu, houve um outro bombeiro que necessitou de ser transferido para os Hospitais da Universidade de Coimbra devido à inalação de fumo.

Apesar de a causa do incêndio não ter sido ainda identificada, o presidente da autarquia diz não duvidar de que possa ter sido fogo posto. "Anos e anos de incêndios no concelho dizem-nos isso mesmo e, desta vez, creio bem que não seja excepção", afirmou. com Lusa

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