Paredes de Coura

Fortunato Frederico fez de um concelho envelhecido no interior a base para o seu sucesso no sector do calçado

O maior grupo de capitais exclusivamente portugueses do sector do calçado tem sede em Guimarães. Mas foi em Paredes de Coura que, desde há mais de 20 anos, Fortunato Frederico, o líder da Kyaia, detentor da famosa marca Fly London e das lojas Foreva e Sapatália, estabeleceu a base do seu sucesso, transformando-se, com as quatro fábricas que ali abriu, no maior empregador deste concelho do Alto Minho marcado pela interioridade, pelo envelhecimento populacional e pela má rede de acessos. Coura é, de facto, uma base improvável para um projecto de sucesso como o do presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Pele e seus Sucedâneos. Há 12 anos que a autarquia espera por uma prometida ligação à auto-estrada A3 (Porto-Valença) que nunca mais é construída. Mas o empresário do calçado não esperou e já anunciou para este Outono a abertura da quinta fábrica no concelho, onde emprega já mais de duas centenas de pessoas e de onde saem, diariamente, duas mil gáspeas de sapatos. Em 1989, o discreto empresário começou por levar diariamente meia centena de trabalhadores locais para uma temporada de formação em Guimarães, antes de abrir a primeira unidade no Alto Minho. Desses pioneiros, uns 30 trabalham ainda para Frederico, e, entre os que foram engrossando a lista de empregados, surgiram vários casamentos e, em alguns casos, os pais acabaram por abrir caminho aos filhos. O impacto não se compara ao de Rui Nabeiro em Campo Maior ou mesmo ao de Américo Amorim na Feira. Mas num concelho que, dos 16 mil habitantes da década de 60, contava, em 2001, com 9600 - e que tem em Espanha, ali ao lado, um íman para a juventude que lhe resta - a presença de um empreendedor como Fortunato Frederico, cujo grupo tem já um volume de negócios de 50 milhões, é um achado. Não espanta, por isso, que já este mês o autarca António Pereira Júnior lhe tenha entregue a medalha de mérito. E o empresário vem-se tornando, ao longo do tempo, uma espécie de filho adoptivo, e grato, de Paredes de Coura. Os bombeiros locais que o digam. Sem apontar verbas, "que o senhor Fortunato pode não gostar", o presidente da corporação lá vai dizendo que os apoios "deste grande benemérito" têm sido da ordem dos "milhares de euros". Uma primeira ajuda, já este ano, será para ajudar a comprar um kit de desencarceramento. Andrea Cruz

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