Criança retirada a família de afecto na véspera de Natal

a O Tribunal de Mirandela retirou segunda-feira Miguel, uma criança de três anos, aos pais afectivos, com quem vivia desde os cinco meses e entregou-a ao Centro de Acolhimento Temporário (CAT) local, que deverá promover uma aproximação da criança à mãe biológica. De acordo com o despacho do tribunal, antes de começar a viver com a mãe, Carla Potêncio, Miguel terá de ficar no CAT de Mirandela. Até Fevereiro, poderá passar os dias com a mãe mas terá de dormir no centro, onde poderá também ser visitado pela família Policarpo, que dele te cuidado.
José Policarpo disse à Lusa que foi informado, sexta-feira, pelo tribunal da decisão de lhe ser retirada a criança, no dia 24 de Dezembro, vésperas de Natal. Este foi o primeiro Natal do Miguel longe dos Policarpo.
Em Dezembro de 2006, o tribunal decidiu entregar o Miguel aos cuidados do casal Policarpo, estabelecendo um programa de visitas da mãe. Quatro meses depois, deliberou que essas visitas teriam de ser acompanhadas por uma psicóloga, dado que o relatório do Instituto de Reinserção Social (IRS) dava conta de atrasos regulares da mãe nas visitas programadas e da fraca empatia emocional entre mãe e filho. Já em Novembro deste ano, o mesmo juiz decidiu devolver a criança à mãe, apesar de os relatórios do IRS valorizarem a ligação afectiva com o casal Policarpo.
O despacho de Novembro determinava um período de adaptação. O pai afectivo considera que Miguel "foi penalizado" pela divulgação do caso na comunicação social.
José Policarpo assegurou à Lusa que "vai lutar até ao fim pelo bem do menino" e anunciou que o pai biológico vai recorrer da decisão do tribunal - já terá mesmo dado entrada com um pedido de anulação do despacho. "Isto foi como se me tivessem arrancado o meu próprio filho", frisa. A Lusa tentou, sem sucesso, contactar a mãe e o pai biológicos. Em declarações ao Correio da Manhã, dia 18, Carla Potêncio sustentou que o juiz já deveria ter decidido a seu favor "há muito tempo". "Para o menino não sofrer e para facilitar a aproximação, o juiz deu um prazo de três meses", defendeu, acrescentando que está a reunir todas as condições para ter o filho de volta. "Aluguei uma casa T3, com aquecimento central, é nova, penso que poderei comprá-la."
De acordo com o CM, a jovem trabalha e estuda e assegura que vai conseguir tratar convenientemente do filho. "Quando estiver a trabalhar, ou na escola, a minha irmã, que é professora, ficará com ele", planeia, afirmando que a sua relação com Miguel "é muito forte".
Carla é muito crítica com o pai biológico de Miguel - um empresário de Mirandela. Sustenta que ele "reagiu muito mal" quando soube da gravidez, aos quatro meses, e que só viria a assumir a paternidade quando o Tribunal de Mirandela mandou fazer testes de ADN e estes confirmaram a sua paternidade. Lusa/PÚBLICO
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meses de idade tinha a criança quando foi entregue ao Centro de Acolhimento Temporário. Hoje tem três anos
Pequeno destaque em caixa com fundo que tambem pode servir de legenda para a fotografia do lado esquerdo

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