a Jorge Simões não acredita que a despesa com o SNS continue a baixar como nos últimos anos. E contra isso são precisas novas medidas.Para manter a sustentabilidade do SNS não bastariam medidas de contenção de gastos?
Não lhe sei responder. A despesa com o SNS cresceu entre 1995 e 2004 a 9,2 por cento ao ano; entre 2004 e 2006 subiu apenas 2,9 por cento - e sublinho apenas, porque nas últimas décadas nunca tinha acontecido -, o que significa que as medidas políticas tomadas fundamentalmente desde o início do século tiveram um efeito positivo. A questão é saber se nos próximos anos vamos ter crescimento da despesa com o SNS mais próximo de 1995-2004 ou dos três anos que referi. A minha convicção é que não será nem tão elevada nem tão baixa. Não sou tão optimista porque há medidas de contenção de gastos que se esgotam.
Por exemplo?
A descida administrativa durante dois anos dos preços dos medicamentos. Acredito que seja possível manter pressão sobre a gestão hospitalar em matéria de contenção de gastos mas não em todas as frentes. E há sempre a pressão da inovação tecnológica, que todos os dias se coloca sobre decisores políticos, mas também sobre médicos e doentes, e é muito difícil resistir a essa pressão.
Uma das recomendações da comissão é a avaliação económica na introdução de novas tecnologias no SNS. Só se faz na área do medicamento?
Faz-se sistematicamente nos medicamentos, tenho fortíssimas dúvidas de que se faça noutras áreas. Como é que explica que tenham sido criados hospitais em Abrantes, Tomar, Santarém e Torres Novas? A avaliação económica não foi feita de forma eficaz, senão não havia hospitais num raio tão curto. É preciso introduzir uma cultura de avaliação clínica e económica em relação a novos equipamentos, novas instalações e até profissões.
Porque é que não analisaram o alegado desperdício do SNS estimado pelo Tribunal de Contas em 20 por cento?
Analisámos, mas não como uma questão central no estudo. O que nos foi pedido foi uma reflexão sobre o modelo de financiamento. Esse seria um outro trabalho.