F1 estreia-se no Médio Oriente com muitas incógnitas

O Grande Prémio do Bahrein, terceira prova do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 e a primeira realizada num país do Médio Oriente, está a provocar uma enorme expectativa entre as equipas, pilotos, organizadores e público. Tudo porque um circuito novo é sempre uma incógnita, ainda para mais quando este se situa em pleno deserto com todas as condicionantes que isso acarreta. "A grande questão no Bahrein é a areia", afirmou Michael Schumacher, vencedor das duas primeiras provas do Mundial. A preocupação do hexacampeão mundial é partilhada pelos seus adversários que temem que a areia fina do deserto cause problemas nos filtros de ar e nos motores dos monolugares. "A areia preocupa-nos mais do que o calor. Vai haver areia em todo o redor do circuito e isso pode danificar o motor", referiu por sua vez o britânico Jenson Button, que conquistou o seu primeiro pódio no circuito de Sepang, na Malásia.A realização do GP do Bahrein surge integrado numa política de globalização da Federação Internacional Automóvel (FIA) que com as restrições impostas à publicidade ao tabaco - grande patrocinador da Fórmula 1 - na Europa, aposta cada vez mais na exploração de países onde esse problema não exista. "O Médio Oriente é um novo mundo. Isto é o que tenho tentado conseguir há muito tempo, porque consigo vislumbrar aqui muita coisa tanto para a indústria, como para os patrocinadores e construtores. Abriu-se uma grande porta", salientou o patrão da Fórmula 1, Bernie Ecclestone. Para além de ser a primeira corrida num país do Médio Oriente, o GP do Bahrein é também a primeira realizada num país árabe desde que Stirling Moss venceu o GP de Marrocos, no circuito de Casablanca, em 1958.Um circuito no desertoDesenhado pelo alemão Hermann Tilke - igualmente responsável pelo circuito de Sepang, na Malásia - o novo circuito de Sakhir é por enquanto o mais moderno do Mundial de Fórmula 1, já que o de Xangai (China) só fará a sua estreia em Setembro. Construído em tempo recorde (16 meses) por três mil trabalhadores que laboraram arduamente para que tudo estivesse pronto nos prazos previstos, o circuito do Bahrein promete dinamizar a economia local. A 15 dias da prova, a organização já tinha vendido cerca de 75 por cento dos bilhetes e este fim-de-semana espera receber cerca de 100 mil fans da F1. Tilke teve o cuidado de integrar o mais possível no meio envolvente o circuito construido a cerca de 30km a sul da capital, Manamá. Assim, além da grandiosa bancada, com capacidade para 10 mil lugares sentados - o circuito pode receber cerca de 50 mil pessoas por dia - cujo cobertura recorda uma tenda árabe, a zona de partida/chegada foi desenhada de modo a fazer lembrar um oásis. A estrutura é constituída por seis pistas - a principal com 5,4km onde decorrerá o GP - e permitirá a realização de corridas de todos os tipos de carros. A dominar o circuito encontra-se a Sakhir Tower, local onde serão recebidos os VIP. Quanto às preocupações com a areia, Tilke considera que isso não será um problema e para tentar controlá-la, os organizadores pulverizaram uma espécie de cola ao redor do circuito que supostamente deverá evitar que esta invada a pista. A segurança é outra das questões a ter em conta, mas também aqui tanto a organização como Bernie Ecclestone consideram que não há motivos para preocupações. "Estaremos tão seguros aqui como em Londres. Infelizmente o risco de terrorismo existe em todo o lado", referiu Ecclestone. O Bahrein, é uma das sociedades islâmicas mais liberais no Médio Oriente, mas não será por isso que o tradicional champanhe será permitido na cerimónia do pódio. Em sua substituição será utilizada uma bebida chamada "Warrd", composta por sumos de frutos locais misturados com água de rosas.Depois da vitória na Austrália e na Malásia, "Schumi", a Ferrari e a Bridgestone partem para o Bahrein como os grandes favoritos, no entanto, os seus adversários estão dispostos a dar o seu melhor para conseguir dimininuir a vantagem do alemão e da Ferrari. No circuito de Sakhir todos partem em igualdade de circunstâncias, já que nenhuma das equipas teve uma experiência real no circuito, isto apesar de muitas delas terem efectuado simulações computorizadas. "O Bahrein é um território completamente desconhecido para toda a gente, o que faz com que esta possa ser uma das corridas mais excitantes do calendário. É o primeiro circuito completamente novo desde a inauguração de Sepang em 1999 e, por isso, os resultados dependerão muito da rapidez de aprendizagem dos pilotos e das equipas. No papel, o Bahrein parece ser um desafio técnico tão grande como a Malásia", analisou Mike Gascoyne, director técnico da Toyota.

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