Um desastre para a Ferrari

Barcelona foi um ponto de viragem nas classificações do Mundial de F1. Ontem, no Grande Prémio de Espanha, tudo correu mal à Ferrari e a Michael Schumacher, enquanto a McLaren voltou a fazer o pleno. Hakkinen tem razões para voltar a sorrir.

Mika Hakkinen, o finlandês bicampeão mundial, recuperou ontem o seu melhor sorriso após vencer o Grande Prémio de Espanha de Fórmula 1, quinta prova do Mundial, ontem disputada no circuito da Catalunha, em Montmeló, arredores de Barcelona.Foi o primeiro triunfo de Hakkinen na temporada, o 15º da sua carreira e o terceiro consecutivo em Barcelona. Um êxito que é extensível à McLaren-Mercedes, já que repetiu o pleno obtido há 15 dias na Grã-Bretanha, só que dessa vez quem venceu foi Coulthard, invertendo-se agora as posições.De forma simplista, pode dizer-se que a Ferrari ainda ganha por 3-2. Mas os sinais de recuperação da McLaren são evidentes. Não só os motores Mercedes se estão a mostrar bastante mais fiáveis, como também mais "performantes", da mesma forma que os pilotos da equipa estão bastante mais confiantes. E se Michael Schumacher e a Ferrari continuam a comandar as classificações para pilotos e marcas, Hakkinen, Coulthard e a McLaren encurtaram significativamente as distâncias, dando claros sinais para a revitalização da competição.Também é verdade que a Ferrari não esteve ontem bem. Mesmo nada bem. Schumacher largou da frente e aí se manteve bastante tempo, mas sem conseguir descolar de Hakkinen. A vantagem chegou a dilatar-se até aos 3,4s, mas o finlandês respondeu e reapareceu rapidamente nos retrovisores do Ferrari.Na primeira paragem para reabastecimento do alemão, a ocorrência de um estranho incidente na sua "box" precipitou os acontecimentos da corrida. Schumacher arrancou demasiado cedo, fazendo passar a roda traseira do lado direito sobre o pé do chefe dos mecânicos, Nigel Stepney, que procedeu ao reabastecimento, mas que ainda não se tinha afastado. Nada de grave aconteceu a Stepney, confirmando-se apenas uma lesão nos ligamentos, mas a sua substituição por outro mecânico causou problemas nos reabastecimentos seguintes.Após uma breve pasagem de Hakkinen pelo comando, Schumacher perdeu 10s na segunda paragem, precisamente devido à lentidão do processo de enchimento do depósito. A equipa alega que a tampa de pressão terá ficado danificada. Foi então que Hakkinen, que optou por entrar nas "boxes" na mesma volta de Schumacher, saiu na frente, destacado.E daí em diante tudo correu ainda pior para Schumacher. A começar pelo jogo de pneus montado, já que pouco depois viu-se forçado a substituí-lo, pois um deles começou a perder pressão. Já então tinha sido passado por David Coulthard, manobra que o escocês garante que não foi facilitada minimamente: "Abordei-o [Schumacher] como se ele conduzisse um Minardi e mesmo assim ele fechou a porta o mais possível. Não foi justo, e é por isso que da próxima ocasião o vou passar por fora."Quem também ficou enfurecido foi o outro Schumacher, o seu irmão Ralf, que também o abordou com grande vantagem e com o segundo ferrarista, Rubens Barrichello, colado a si, disputando o terceiro posto. Aparentemente em situação de desespero, Schumacher quis jogar para a equipa, encostando o irmão ao exterior da curva depois de se tocarem. Barrichello só teve que aproveitar a abertura e correu para o terceiro lugar do pódio.Os irmãos terão que dirimir uma difícil questiúncula familiar. Se Ralf conteve a sua fúria, Michael também não apreciou o seu azedume: "Corrida é corrida, e se o meu irmão não compreende isso só tem é que mudar de ofício."Hakkinen ficou satisfeito com o triunfo, dizendo acreditar que o resultado da corrida representa um novo ponto de viragem no campeonato: "Tal como aconteceu no ano passado, as coisas começam a correr a nosso favor. E já está claro que os nossos carros estão muito melhores que em outras ocasiões."*com AFP e Reuters

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