"Mafioso rima é com Barroso"

Edite Estrela acusou ontem Durão Barroso de "cumplicidade assumida" com Jardim, que classificou como "um caso do foro psiquiátrico". Exigiu que Durão "clarifique até que ponto é conivente" com as declarações de Jardim na festa do PSD-Madeira: "Mafioso rima é com Barroso", decretou a dirigente do PS.O presidente do PSD, Durão Barroso "ofendeu algumas das instituições e individualidades mais queridas do povo português" quando, no domingo, na festa anual do PSD-Madeira, em Chão de Lagoa, assistiu ao líder regional do seu partido, Alberto João Jardim, "chamar mafioso e fariseu ao primeiro-ministro, dizer que o Governo de Guterres era a força do Mal e classificar Mário Soares como o representante de Satã em Portugal". As afirmações são de Edite Estrela e constam de uma "declaração política" proferida ontem, em nome do Partido Socialista, numa conferência de imprensa na sede do partido, no Largo do Rato. Durão Barroso foi o alvo preferencial da declaração da secretária nacional do PS. Isto porque houve, da parte dele, "cumplicidade assumida" com as afirmações de Alberto João Jardim: "Ouviu, sorriu e aplaudiu, não se limitou a assistir". E, prosseguiu a presidente da Câmara de Sintra, "ao terminar o seu discurso com a frase 'viva a Madeira livre!' ou ao ter permitido a difusão do hino separatista da Madeira, o Dr. Durão Barroso foi cúmplice e marioneta" do dirigente madeirense PSD. "Ele [Durão Barroso] ouviu, sorriu e aplaudiu um verso em que se chama mafioso ao primeiro-ministro de Portugal. Mas a letra da canção cantada na festa do PSD-Madeira devia ser outra, pois mafioso rima é com Barroso". Portanto, Durão Barroso "deve clarificar até que ponto é conivente" com Alberto João Jardim, sendo que a sua "cumplicidade assumida" com as declarações de Jardim "nada indicia de bom para o país". "O Dr. Durão Barroso andou pelo país a perguntar às pessoas se já têm o Portugal que querem. A resposta é que um Portugal dirigido pelo Dr. Alberto João Jardim é aquilo que ele considera um modelo da liberdade e democracia".A presidente da Câmara de Sintra prosseguiu o seu ataque ao líder social-democrata: "Desde que, por desistência dos seus adversários, o dr. Durão Barroso foi eleito presidente do PSD, nunca produziu uma palavra que ajudasse à definição do seu pensamento político. Ficámos agora a saber que ao domingo tem o de Cavaco Silva, à segunda o de Pinto Balsemão e à terça o de João Jardim".Quanto ao presidente do Governo Regional da Madeira é apenas "um caso do foro psiquiátrico", disse quem já foi alvo da fúria de Jardim. Há dias, Alberto João Jardim chamou "peixeira alfacinha" à presidente da Câmara de Sintra, zangado por esta ter repetido, numa festa do PS na Madeira, afirmações feitas por Mário Soares na campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, segundo as quais havia "défice democrático" naquela região autónoma. E, segundo uma fonte do PS, terá sido por isso mesmo que foi Edite Estrela a escolhida para ler a declaração política de crítica ao incidente de Chão de Lagoa.A dirigente socialista admitiu que o "nível da questão não é muito elevado", mas, sublinhou "quem o fez baixar foi o PSD", que usou "de um estilo arruaceiro que não pode ser típico do partido que quer governar Portugal". Quanto a Durão Barroso, voltou a frisar, "deve explicações ao povo português", uma vez que "tão ladrão é o que vai à horta como o que fica na porta". O que sucedeu na Madeira "tem consequências na vida política portuguesa, que não pode acolher pessoas inimputáveis como o dr. Alberto João Jardim". Edite Estrela lembrou, nesta altura, "a atitude do dr. Durão Barroso na Assembleia da República", quando, questionado sobre os comentários de Alberto João Jardim a propósito da afirmação de Mário Soares acerca do défice democrático na Madeira. "Ele fugiu à pergunta. Não pode vir dizer agora que não é nada com ele".Questionada sobre eventuais intenções do PS de processar judicialmente o presidente do Governo Regional da Madeira, a secretária nacional do PS afirmou que "o assunto é eminentemente político", mas reservou para o partido a decisão de vir ou não a tomar essa atitude. "Não digo que sim nem digo que não venha a acontecer, eu vim aqui falar do aspecto político, na minha qualidade de dirigente nacional do partido".

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