Má estreia em bolsa do Dia/Minipreço marca início de planos de incentivos a dirigentes

Nem todos os accionistas concordam com a entrada em bolsa da empresa que detém o Minipreço. Títulos da retalhista espanhola derraparam 8,5 por cento

Uma estratégica entrada na bolsa de Madrid da rede de supermercados espanhola Dia - que, em Portugal, controla a cadeia Minipreço - não convenceu os investidores na primeira de uma série de estreias que a praça espanhola vai conhecer durante os meses de Verão.

A ida para a bolsa madrilena era o passo essencial de uma estratégia global do grupo que, para além do reforço da imagem no mercado externo, passa pelo lançamento de três planos de incentivos relacionados com a compra e a venda de acções pelos quadros directivos da retalhista. No total, estão em questão 16 milhões de euros e cerca de 200 beneficiários.

Mas a estreia não correu de feição à retalhista, líder no mercado vizinho segundo o site do jornal económico Cinco Días, apesar de ter accionado um mecanismo para facilitar a venda de títulos aos seus mais de 250 mil accionistas.

Desde logo, as acções foram negociadas a um preço inferior ao esperado. Os títulos caíram mais de cinco por cento na abertura, ainda recuperaram durante umas horas, mas fecharam a deslizar próximo dos 8,5 por cento.

Mesmo com o tombo inicial, a cadeia de retalho (controlada pelo grupo francês Carrefour) conseguiu estar na 25.ª posição entre as empresas espanholas com maior capitalização.

Cada uma das 680 milhões de acções colocadas em bolsa tinha um preço-base indicativo de 3,5 euros. Embora até ao início da tarde tenham estado a valer 3,45 euros, afundaram para 3,2 euros, uma quebra que corresponde a uma descida dos títulos de 8,46 por cento. A entrada em bolsa não foi consensual entre todos os accionistas do Carrefour: apesar da maioria ter acedido na assembleia geral de Junho, houve ainda 23 por cento que não votaram favoravelmente à operação.

Se, na véspera, as acções do Carrefour haviam terminado em baixo, ontem, o contraste face ao comportamento da filial espanhola era evidente: em Paris, as acções do grupo francês dispararam 4,52 por cento.

O Dia quer crescer em países emergentes que já representam boa parte das vendas, quando existem mercados, como o português, que se distanciam de expressivas subidas nas vendas de países como o Brasil, Argentina, Turquia e China. Só estes quatro contribuem com 22 por cento das vendas totais do grupo. O objectivo é que o reforço faça subir em sete por cento as receitas até 2013.

É essa também a estratégia do próprio Carrefour, que no Brasil negoceia a fusão com o Pão de Açúcar.

Sugerir correcção