Três "baixas" de peso obrigam a negociações de última hora

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Vítor Bento disse não ter condições para aceitar as Finanças NUNO FERREIRA SANTOS

Eduardo Catroga e Vítor Bento não ficaram na equipa de Passos. Paulo Rangel recusou a Educação

As notícias dos convites do primeiro-ministro indigitado a vários ministros (e os "nãos" que recebeu) fizeram soar as campainhas de alarme na sede do PSD, na São Caetano à Lapa, na quinta-feira. As várias "negas" noticiadas fizeram acelerar o dossier novo Governo. E, sabe o PÚBLICO, Passos Coelho, primeiro-ministro indigitado, e Paulo Portas, líder do CDS, tiveram de fazer ajustamentos de última hora, que só terminaram ontem de manhã.

A verdade é que até à manhã de ontem os nomes foram circulando e dirigentes do PSD admitiam alguma "volatilidade" no processo de escolhas. Foi o caso de Eduardo Catroga para a Economia e de Vítor Bento para as Finanças, uma pasta fundamental nesta conjuntura de crise e de ajuda, que causaram nervosismo.

Vítor Bento, conselheiro de Estado escolhido por Cavaco Silva e presidente da SIBS, sabe o PÚBLICO, foi convidado e, depois de algum tempo de ponderação, respondeu que não tinha condições para aceitar.

Eduardo Catroga, o ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, homem forte de Pedro Passos Coelho para a negociação do Orçamento do Estado de 2011 e do pacote de ajuda externa, também ficará fora do executivo. Apesar de até ontem o seu nome ter sido dado como potencial ministeriável não para as Finanças, mas sim para a Economia.

Rangel convidado

O eurodeputado Paulo Rangel foi outra das personalidades que recusaram um convite. Educação, Ensino Superior, Ciência e Inovação foi a pasta que lhe foi proposta na quinta-feira, mas de imediato rejeitada pelo ex-adversário de Passos Coelho nas eleições internas do ano passado. Contactado pelo PÚBLICO, o agora eurodeputado recusou-se a comentar o convite que lhe foi feito, limitando-se a afirmar que "o primeiro-ministro é soberano na formação do Governo".

No entanto, apesar de ter um pensamento estruturado em matéria de educação, como já deixou plasmado em vários artigos de opinião e em livros, é provável que Rangel tenha recusado por se tratar de um sector do qual não conhece os actores.

À última hora foi conhecido o "não" do PSD à ambição do CDS de Paulo Portas de vir a ter a pasta da Economia no novo Governo, para a qual chegaram a ser apontados António Pires de Lima e António Lobo Xavier. E foi esta alteração que terá originado alguns ajustes nas pastas distribuídas aos democratas-cristãos. Portas também recebeu resposta negativa para ter a Administração Interna - afinal, a segurança é uma bandeira política do CDS.

O PÚBLICO sabe que o nome da deputada Assunção Cristas estaria inicialmente planeado para uma pasta social, mas acabou num Ministério da Agricultura que Portas reclamava desde o início das conversações.

Os sociais-democratas justificaram a decisão com a fraca expressão eleitoral dos democratas-cristãos, que ficam com três Ministérios (Negócios Estrangeiros, Assuntos Sociais e Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território).

No PSD quem ficou fora do Governo foi Jorge Moreira da Silva, vice-presidente do partido e actual consultor da ONU para a área de economia da energia e das alterações climáticas. Há meses que Moreira da Silva, pelo seu currículo, era olhado como o candidato natural à pasta.

Na orgânica do executivo de coligação, a pasta do Ambiente juntou-se à Agricultura (uma opção clara de Passos Coelho) e foi entregue aos democratas-cristãos. Acontece que Moreira da Silva defendia um modelo completamente diferente, em que se juntasse Ambiente, Energia e Transportes, de modo a responder aos desafios do desenvolvimento sustentável. com Leonete Botelho

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