Polícia procura agora o "cérebro" dos atentados de Londres

O facto de se tratar de atentados suicidas preocupa a polícia, que teme novos ataques

O inquérito policial ao 7 de Julho acelera-se e, depois de identificar os quatro bombistas, a investigação centra-se agora na procura do "cérebro" dos atentados. A operação revela um nível de cálculo e de coordenação que faz pensar num "quinto homem". Embora a polícia conserve o silêncio, reina a certeza de que se tratou de atentados suicidas - o que faz temer novos ataques.Ao fim da tarde, o deputado de Leeds Greg Mulholland anunciou que a polícia descobrira naquela cidade do Yorkshire "uma base operacional". "Não era de forma nenhuma uma casa de família. Segundo percebi, seria antes o local onde o seu material poderia ter sido armazenado", disse ao Guardian. A polícia não comentou. Foram também encontrados explosivos durante a vasta rusga policial aí realizada na terça-feira.
"Os executores que fizeram isto são apenas um elemento duma organização que semeia a desordem na nossa sociedade. Devemos ocupar-nos das pessoas que dirigem, organizam e manipulam as pessoas. É portanto sobre este ponto que a investigação agora se desenvolve", declarou o ministro do Interior, Charles Clarke.

O quinto homemO "quinto homem" agora procurado pode ser o organizador ou o "engenheiro" dos explosivos, diz a BBC, citando "fontes próximas da investigação".
"Surpreender-me-ia que isto tenha sido qualquer coisa gerada num apartamento fora de Londres, numa pequena comunidade paquistanesa", afirma à Reuters Nick Pratt, especialista de terrorismo e antigo operacional da CIA.
"Uma operação com alto nível de coordenação do 7 de Julho foi certamente orquestrada por um líder central, provavelmente um operacional da Al-Qaeda enviado ao país para recrutar os elementos locais", corrobora um especialista de estudos de risco.
As três bombas no metro explodiram com intervalos de 50 segundos. Especialistas de segurança dizem à Reuters que quem planeou a operação calculou com rigor a potência das explosões, ampliadas pelos estreitos túneis, que impediam que a energia liberta se dissipasse. Pratt vê aqui o modus operandi da Al-Qaeda. Apenas a explosão do autocarro permanece uma incógnita.
"A questão chave é encontrar a pista duma infra-estrutura em volta dos quatro bombistas identificados", diz o analista Gordon Corera, da BBC. O MI5 está agora a investigar tudo quanto seja possível saber sobre o passado dos bombistas, acrescenta. "Encontrar esta estrutura é "fundamental para prevenir futuros ataques."
A imprensa, citando "fontes da investigação", indica que os quatro bombistas se imolaram. Se o facto for confirmado, diz Alex Standish, especialista de segurança da revista Jane"s Intelligence Digest, marca "um novo nível de radicalização" dos extremistas no Reino Unido. "Os atentados suicidas são os mais perigosos e os mais difíceis de prevenir." E adverte: "Alguém deve ter competência para montar estas bombas e, se o "engenheiro" estiver ainda à solta, é muito grande o risco de novos atentados."

Os quatro bombistasA imprensa britânica de ontem identificava quatro nomes. Shehzad Tanweer, 22 anos, Mohammed Sadique Khan, 30 anos, Eliaz Fiaz, de 30 anos, todos de Leeds, e Hasib Hussain, de 18 anos. Eram britânicos, "integrados" e de origem paquistanesa. Um tio de Tanweer disse dele: "Tinha orgulho em ser britânico, tinha tudo a seu favor: os pais amavam-no e encorajavam-no, não tinha problemas financeiros." Segundo amigos, teria ido ao Paquistão e ao Afeganistão há cerca de seis meses.
Foram filmados pelas câmaras de vigilância da estação de King"s Cross, antes das 8h30 da manhã. Três vieram do Yorkshire. Juntou-se-lhes um quarto. Traziam a tiracolo sacos de tipo militar. Tomaram em seguida linhas diferentes. Menos de um quarto de hora depois, faziam-se explodir.
A vigilância electrónica funcionou. O sistema CCTV (televisão em circuito fechado) permitiu reconhecer os suspeitos entre milhares de pessoas. A polícia analisou 2500 sequências antes de chegar à identificação.

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