Apartamentos do edifício Heron venderam-se depressa mas os escritórios nem por isso

Habitações esgotaram-se logo na primeira vaga de vendas, mas o espaço para escritórios teve que baixar de preço para ser vendido

a Os apartamentos do edifício Heron Castilho, comercializados nos anos 90, venderam-se bem. No dia 20 de Novembro de 1999, a edição do semanário Expresso citava uma fonte ligada à comercialização dos 20 apartamentos que afirmava que, "apesar dos elevados preços por que foram colocados no mercado - os quais, contudo, não revelam -, a procura absorveu rapidamente os espaços disponíveis". O semanário revelava já que "entre os vários inquilinos que esgotaram desde logo as habitações do Heron Castilho" se encontravam "os colunáveis Herman José (que terá adquirido mais do que uma fracção), Ana Zanatti, o polémico presidente do Benfica, Vale e Azevedo, e ainda o ministro do Ambiente e Ordenamento, José Sócrates". De facto, de acordo com os documentos públicos, no início de 1998 regista-se já uma segunda vaga de aquisições de apartamentos no Edifício Heron Castilho, tendo do lado vendedor proprietários iniciais que anos antes negociaram com a Heron (por exemplo, a empresa offshore que vendeu à mãe do agora primeiro-ministro).
Já os escritórios do prédio tiveram uma aceitação diferente no mercado. O jornal sublinhava que o proprietário, a Heron, foi obrigado "a ir baixando sucessivamente os preços - desde um valor de 1500 contos por metro quadrado (nas lojas ao nível da rua) e de 850 contos por metro quadrado (nos pisos superiores) até 450 contos por metro quadrado". Este movimento no sector para escritórios e comércio traduziu "o ciclo de crise em que o mercado imobiliário mergulhou no início da década de 90 e que se prolongou, mais ou menos, até 1995", ano em que "uma grande percentagem de espaços para [o sector] terciário continuava por ocupar", o que levou a Heron "a colocar o imóvel no mercado de arrendamento", no caso dos espaços de escritórios.
Entre 1993 e 1999 a valorização média anual da habitação em Portugal foi de 6,4 por cento, acelerando para nove por cento a partir do final da década passada, em consequência do desempenho da economia e do mercado imobiliário. Estes dados constam de um relatório publicado no final de Janeiro sustentado no Índice Confidencial de Imobiliário, que conclui que o mercado habitacional em Portugal triplicou em 20 anos, valorizando-se 5,8 por cento ao ano.
Depois de entre 1988 e 1991 o crescimento nominal do mercado habitacional ter atingido um ritmo médio anual de 23,2 por cento, o início dos anos noventa pautou-se por um abrandamento em consequência da adesão do escudo ao Sistema Monetário Europeu e dos efeitos da crise imobiliária internacional que rebentou em 1993. A conjugação destes dois factores levou a taxa de crescimento a valorizar-se, em termos médios anuais, 5,4 por cento. No final de 2001 a valorização estabilizou em um e dois por cento, sendo que em 2007 este valor foi de 1,3 por cento.
6,4%
foi a valorização média anual da habitação em Portugal entre 1993 e 1999, subindo para nove por cento no final da década

Sugerir correcção