Reacções

"Zelador da língua"

"Perco um grande amigo. Perdemos todos um ser humano admirável, um escritor imenso, zelador apaixonado da língua portuguesa."

Chico Buarque, músico

(Ao blogue da editora Companhia das Letras)

"Nunca escreveu um mau livro"

"José Saramago veio recordar-nos que há uma grande literatura portuguesa. Recordou-nos que havia o extraordinário antecedente de Fernando Pessoa e a extraordinária contribuição de Eça. Mas Saramago escapou, sem a renegar, à sua condição puramente nacional para se unir à grande constelação mundial de narradores (García Márquez, Nadine Gordimer, Günter Grass, Juan Goytisolo...) que constituem a narrativa da globalidade.

Saramago nunca escreveu um mau livro. Toda a sua obra mantém um altíssimo nível, uma grande qualidade. Fomos amigos pessoais, ainda que por vezes tenhamos diferido politicamente. Saramago tinha um carácter forte, sabia revoltar-se com justa causa. Mas, ao fim e a cabo, o que sobrevive de um escritor não é a sua ideologia mas sim a sua literatura.

Envio as minhas condolências à bela e querida Pilar e lamento de novo a perda do grande escritor e amigo José Saramago."

Carlos Fuentes, escritor mexicano

(Ao El País)

"Nunca se rendeu"

"Uma notícia horrível. Ainda não acredito." Foi com esta citação e com a descrição de uma voz muito emocionada que a jornalista do El País abriu o texto em que Dario Fo lamenta a morte do amigo que ganhou, um ano depois dele, o Nobel da Literatura. "José e eu não só éramos companheiros de trabalho, éramos amigos de verdade", disse. Viam-se regularmente. Ele com Franca Rame, a sua companheira, Saramago com a mulher Pilar del Río. E falavam regularmente por telefone, não obrigatoriamente de literatura. Mas Fo regressa à literatura para saudar o amigo e vai buscar um autor do renascimento italiano, Ruzzante Beolco. "Ruzzante dizia que chega sempre o momento em que tentas fazer contas com a vida. O que te mostra como viveste é o que vai faltar ao mundo quando tu já não estás. Hoje, que José não está, falta-me tudo, tiraram-me um bocado de vida, um amigo que nunca se rendeu, que sempre se manteve íntegro e de pé no meio da batalha."

Dario Fo, escritor, Prémio Nobel

(Ao El País)

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