Portugal com o objectivo de ganhar e a prioridade de não perder

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A selecção portuguesa já não perde desde 2008 e foi com o Brasil Oleg Popov/REUTERS

Carlos Queiroz não faz poupanças frente ao Brasil e dar-se-á como satisfeito com o empate, embora o primeiro lugar, em teoria, ofereça caminho menos difícil - a ideia é evitar a Espanha nos "oitavos"

Defender o prestígio, igualar o recorde de 19 jogos sem perder, garantir matematicamente a qualificação para os oitavos-de-final e, se possível, ganhar o grupo, para, teoricamente, ficar com um caminho mais fácil nas fases seguintes. São estes os objectivos de Portugal, quando hoje (15h) entrar em campo frente ao Brasil, num dos estádios mais impressionantes da África do Sul, o Moses Mabhida de Durban.

"Quem joga para empatar geralmente perde. Vamos tentar ganhar o jogo e garantir pontos para passar à próxima fase", disse, ontem, Carlos Queiroz, embora admitindo que o empate é um resultado que "não desdenharia". Ou seja, a estratégia de Portugal será similar à do primeiro encontro com a Costa do Marfim, em que a prioridade passou por não perder, tentando ganhar.

Se Portugal sair do Moses Mabhida sem perder, terá garantido o segundo lugar do Grupo G e a qualificação para os oitavos-de-final, igualando também o recorde de 19 jogos consecutivos sem perder, que pertence à selecção de Luiz Felipe Scolari, entre Março de 2005 e as meias-finais do Mundial 2006.

A última derrota da selecção portuguesa foi, precisamente, frente ao Brasil, em Novembro de 2008 (2-6), em Gama. "Não me lembro onde fica Gama. Passaram quase dois anos de trabalho e esse jogo ocorreu em circunstâncias muito especiais", desvalorizou, ontem, Queiroz, recusando falar em vinganças e lembrando que Portugal também venceu recentemente a equipa "canarinha", com Scolari em 2007 (2-0 em Londres) e em 2003 (2-1 no Porto) - no balanço global, a equipa portuguesa venceu quatro jogos (um deles no Mundial de 1966, o único realmente oficial), empatou dois e perdeu 12.

Deco e Amorim lesionados

A goleada de Gama serviu para recolher ensinamentos: "Sabemos que se dermos condições [aos jogadores brasileiros] para contra-atacar, são mortíferos e podem destruir qualquer equipa." O treinador português deverá, por isso, lançar Paulo Ferreira como lateral direito, em detrimento de Miguel, um jogador mais ofensivo. E como o técnico fez questão de salientar que não vai poupar jogadores por terem cartões amarelos - dos três jogadores em risco de suspensão (Pedro Mendes, Ronaldo e Hugo Almeida), apenas o avançado deverá perder a titularidade, em detrimento de Liedson, um jogador mais móvel. A opção por Simão permitirá à equipa jogar tanto em 4-3-3 como em 4-4-2, num encontro em que Deco e Amorim não estarão disponíveis, por lesão.

Pepe, por sua vez, deverá ainda aguardar mais tempo para jogar alguns minutos (talvez na segunda parte), até porque Queiroz destacou, ontem, que a prioridade de Portugal é garantir a qualificação, algo que, no entanto, só pode fugir, em caso catastrófico: seria necessário a selecção perder, a Costa do Marfim vencer a Coreia do Norte e conseguir, na conjunto dos dois resultados, anular a vantagem de nove golos de Portugal.

Evitar a Espanha?

Assim que foi realizado o sorteio do Mundial, o Portugal-Brasil emergiu como um jogos mais interessantes da primeira fase, um facto bem visível na procura de bilhetes - os 62.760 lugares que o recinto de Durban pode receber em jogos do Mundial deverão estar cheios de portugueses e brasileiros, naquele que será o primeiro encontro de Portugal na prova com tempo de Verão (sol e temperaturas a rondar os 25 graus), embora com um relvado em más condições.

Antes de a competição se iniciar, todos viam o vencedor deste grupo como o sortudo que iria evitar a Espanha, provável ganhadora do Grupo H. Só que a derrota espanhola frente à Suíça complicou as contas: Portugal e Brasil jogarão sem saber se o primeiro lugar permitirá evitar a campeã europeia e enfrentar antes Chile ou Suíça.

Se a Espanha vencer o seu grupo, ser primeiro permitirá um calendário teoricamente mais fácil nas fases seguintes. Quem ganhar o Grupo G e seguir em frente terá como possíveis adversários nos quartos-de-final Holanda ou Eslováquia e nas meias-finais Uruguai, Coreia do Sul, Estados Unidos ou Gana. Já o segundo classificado do Grupo G, se ultrapassar os "oitavos", também terá uma missão teoricamente mais fácil nos quartos-de-final (Paraguai ou Japão), mas nas meias-finais poderá ter de defrontar Argentina, Inglaterra ou Alemanha.

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