Mãe de Luís Fabiano diz que renasceu após 61 dias de sequestro

Mãe do jogador do FC Porto foi a que mais tempo esteve sequestrada

Sandra Helena Clemente, de 45 anos, mãe de Luís Fabiano, atacante do FC Porto, foi libertada ao início da noite de quinta-feira, em São Paulo, depois de dois meses sequestrada. A polícia invadiu a quinta que lhe serviu de cativeiro durante todo esse tempo a partir de uma informação anónima, mas não conseguiu prender nenhum dos sequestradores. Sandra Helena foi quem mais tempo ficou sequestrada desde o começo da vaga de rapto de mães de jogadores de futebol que começou com a do atacante Robinho, do Santos, em Novembro.
"Nasci de novo", disse Sandra Helena. "Não dá para descrever a felicidade e a emoção que sinto depois de dois meses e tanto desespero. Tirei um peso das costas", afirmou Luís Fabiano, depois de conversar com a mãe por telefone na noite de quinta-feira. Parentes do jogador disseram que não foi pago resgate.
O olhar atento de um morador de Mairinque, a 62 quilómetros de São Paulo, foi o que permitiu a libertação da mãe de Luís Fabiano. Depois de perceber movimentos estranhos na propriedade, como a entrada e saída frequente de automóveis no imóvel na Estrada da Servidão, que liga Mairinque a Ibiúna, no Sudeste de São Paulo, a testemunha, que tem o nome mantido em sigilo, decidiu ligar para a polícia. Apenas um homem tomava conta da vítima, mas também conseguiu fugir. Os policiais só encontraram no lugar máscara tipo ninja, uma pistola e munições.
Sandra Helena estava deitada num colchão num dos quartos da ampla casa da quinta. Na delegacia de polícia, onde prestou depoimento, contou que ficou dias sem tomar banho e chegou a ficar deprimida. Revelou, também, que foi bem tratada. Tentou fugir muitas vezes, mas só numa das tentativas conseguiu escapulir para fora da casa. A mesma testemunha que apontou o local à polícia revelou ter visto uma mulher correndo do lado de fora até ser alcançada e carregada de volta para dentro da casa.
Sandra Helena foi levada de Campinas, onde mora, em 11 de Março. Os sequestradores fizeram cinco contactos com a polícia e enviaram fotos para provar que a mãe do atacante Luís Fabiano estava viva. Algumas fotografias foram tiradas no meio de lixo. Em outras, ela aparecia amarrada.
O sequestro da mãe de Luís Fabiano foi o quinto de uma série que começou em Novembro do ano passado quando um grupo levou Marina da Silva Souza, mãe do atacante Robinho, de uma festa de parentes na Praia Grande, na Baixada Santista. Três meses depois a vítima foi a mãe do atacante Grafite, do São Paulo. Ilma de Castro Libânio, de 51 anos, passou 26 horas no cativeiro, na região rural de Arthur Nogueira. Depois foi a vez de Inês Fidélis Régis, de 57 anos, mãe de Rogério, do Sporting de Lisboa, também já libertada.
A única vítima que ainda continua em poder de sequestradores é a mãe do jogador Marinho, do Corinthians. Alice Maria Nazaré, de 62 anos, foi sequestrada no dia 3 de Maio. Dois homens armados invadiram o apartamento da família, no bairro Aparecida, em Santos, litoral paulista, saíram com a mulher pela entrada principal do prédio e fugiram num automóvel. Até ontem, a polícia ainda não confirmou a linha de investigação de que há uma quadrilha especializada por trás de todos esses crimes. Também não prendeu nenhum dos sequestradores.

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