Jazz dos dois lados do Atlântico em Braga

a Começa em português, com um toque de St. Louis, passeia-se pelas sonoridades oriundas de Chicago e, pelo meio, descansa nas temperaturas mais amenas do jazz europeu. É a edição deste ano do Braga Jazz, que se estende por dois fins-de-semana e cinco concertos, no Theatro Circo.A abrir, hoje à noite, música da casa, que é como quem diz ali do lado, com a Orquestra de Jazz de Matosinhos (OJM), sempre liderada por Carlos Azevedo e Pedro Guedes, em mais um capítulo das suas já notórias parcerias internacionais. Depois de ter contado com a cumplicidade de figuras como Lee Konitz e Carla Bley, a OJM, que, no ano passado, se tornou na primeira formação portuguesa a pisar o mítico palco do Carnegie Hall de Nova Iorque, continua a confiar a boca de cena a músicos americanos. Desta vez, o convidado é Chris Cheek, saxofonista nascido em St. Louis, Missouri, com uma carreira em nome próprio já registada em quatro discos, ao lado de inumeráveis participações em grupos de primeiras figuras do jazz mundial, como Paul Motion ou Charlie Haden. O disco OJM invites Chris Cheek (edição Flesh Sound) vai estar na base do concerto desta noite.
O jazz para o segundo dia do festival vem também de além-Atlântico, com o trio Bassdrumbone, uma formação com 30 anos de história e um naipe de músicos pouco usual, já que agrupa um percussionista (Gerry Hemingway) e um contrabaixo (Mark Helias) a um trombonista (Ray Anderson). E é este músico nascido em Chicago, várias vezes distinguido pela revista Downbeat e que uma vez disse que o trombone era a sua "casa", que garante a vertente de virtuosismo e de diferença num registo que associa influências que vão de Mozart ao Dixieland, dos musicais da Broadway ao funk (depois de Braga, o Bassdrumbone actua no dia seguinte, 8, na Culturgest, em Lisboa).
No sábado, é ainda de Nova Iorque que vem o baterista George Schuller, parceiro habitual de Joe Lovano, Lee Konitz e Dave Douglas, com o seu Circle Wide. É uma formação que, em Braga, se apresenta em quinteto - nem sempre é assim -, e que vai tocar o seu disco mais recente, composto a partir da música que Keith Jarrett fez nos anos 70. Completam o Circle Wide Donny McCaslin (saxofone), Brad Shepik (guitarra), Tom Beckham (vibrafone) e Dave Ambrósio (baixo).
O Braga Jazz regressa para a semana com mais dois concertos. Dia 14, novo trio, este liderado por um músico de Manchester, John Taylor, cúmplice das aventuras jazzísticas de John Surman, Jan Garbarek, Lee Konitz ou Kenny Wheller. Taylor apresenta em Portugal o trio que formou em 2004, com o contrabaixista sueco Palle Danielson, um dos expoentes do jazz nórdico e de uma certa sonoridade ECM que fez escola no jazz europeu, e com o baterista britânico Martin France, músico de uma geração mais nova.
A fechar, na noite de 15, é ainda um trio que vai subir ao Circo - o Indigo, também de Chicago: Nicole Mitchell (flauta e voz), Harrison Bankhead (contrabaixo, violoncelo e voz) e Hamid Drake (bateria e percussão), com uma música que casa a tradição do blues com os caminhos da música etnográfica.
Braga Jazz
Hoje Orquestra de Jazz de
Matosinhos convida Chris Cheek

Amanhã BassdrumboneDia 8 - George Schuller "Circle Wide"
Dia 14 - John Taylor Trio
Dia 15 - Indigo Trio

Braga Theatro Circo. Telf.: 253203800
Concertos às 22h. Bilhetes a 10 euros

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