Diário de Che Guevara publicado em livro

O Centro de Estudos Che Guevara, responsável pelo legado do mentor da revolução cubana, apresentou ontem em Cuba o livro Diario de Un Combatiente ("Diário de Um Combatente"), que colige os testemunhos de Che da revolução de Sierra Maestra que, em 1959, levou ao poder Fidel Castro. O lançamento aconteceu no dia em que Guevara completaria 83 anos, se fosse vivo.

A obra, que parte de um diário que Che terá começado a escrever logo à chegada a Cuba, no iate Granma, a 2 de Dezembro de 1956, inclui anotações e comentários do revolucionário à guerra de Sierra Maestra, entre 1956 e 1958, liderada por Fidel Castro e na qual Che participou activamente. Ao longo de 303 páginas, que culminam com o triunfo da luta armada a 1 de Janeiro de 1959, "todos os acontecimentos são narrados por aquele que foi um dos seus grandes protagonistas".

"O alto valor do testemunho humano presente no livro ajuda a entender as percepções de Che sobre a realidade da ilha, da sua cultura, identidade e contexto político", explicou um dos editores da obra à agência noticiosa EFE, acrescentando, porém, que não há grandes inéditos nem revelações extraordinárias, uma vez que muitos dos documentos já foram expostos ao público. A novidade é a junção de todos os textos, que permite uma nova leitura e visão sobre os acontecimentos.

O Centro de Estudos demorou a publicar o livro por falta de um grupo importante de notas, relativas a vários meses de luta e cujo paradeiro se desconhece, e ainda por os manuscritos apresentarem vários erros ortográficos e imprecisões, devido ao desconhecimento inicial de Che da geografia cubana e das zonas dos acontecimentos narrados. Havia também falhas nos nomes de alguns combatentes.

Nos últimos anos, foi feito um estudo exaustivo do diário, na tentativa de o rectificar, tanto quanto possível, trabalho que culmina agora, na publicação do livro, que mostra pelo menos uma nova faceta de Che: uma "capacidade excepcional, talento e atenção aos detalhes" do guerrilheiro assassinado na Bolívia em 1967, aos 39 anos.

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