Azeitonas, a primeira banda lançada pela Maria Records, a editora de Rui Veloso

A Maria Records faz da expressão na língua portuguesa "uma opção estratégica". Primeira edição já está nas lojas

Aparentemente, os ventos não sopram de feição para o negócio da música. Os "ataques" são múltiplos: o IVA aumentou, o que complicou ainda mais a luta pela equiparação do imposto sobre os discos aos 5 por cento que é praticado para os livros, e a pirataria tornou-se um hábito comum para muitos consumidores de música. Apesar do cenário pouco animador, está, desde ontem, nas lojas a primeira edição da Maria Records, projecto de Rui Veloso e de três outros amigos. O disco chama-se Um Tanto Ou Quanto Atarantado e marca também a estreia discográfica dos Azeitonas.Os objectivos da Maria Records são relativamente modestos: "Editar dois ou três projectos de jovens artistas de música portuguesa e cantada em português", diz Manuel Moura dos Santos, gestor da editora e empresário de Rui Veloso há 15 anos. O requisito de cantar em português "é uma opção estratégica": "O futuro da música portuguesa passa por cantar na nossa língua. Já que tão poucas coisas passam por ser em português, ao menos tentemos preservar aquilo que nos diferencia de qualquer outro povo - a língua."
Para este sócio da Maria Records, uma ideia de Rui Veloso que só agora decidiu avançar, o sucesso de Dulce Pontes, Mariza e Madredeus no estrangeiro seria impossível sem o factor identitário da língua portuguesa. "A atmosfera que criam só é possível cantando na nossa língua. Muitos artistas acham que têm mais possibilidades de penetrar em mercados internacionais cantando em inglês. Em teoria está certo, mas na prática é tudo muito mais complicado, porque quando passam lá para fora competem com milhões de artistas que cantam em inglês", diz Manuel Moura dos Santos.
Na próxima semana, chega às lojas o segundo álbum lançado pela Maria Records: Anjos da Noite, de Jorge Vadio, artista "muito influenciado pela música popular portuguesa e que faz lembrar muito vagamente António Variações".
Moura dos Santos reconhece que a afirmação da Maria Records no mercado não vai ser fácil: "Temos consciência que nos metemos numa aventura muito complicada, mas pensamos que há espaço para artistas novos." Admite até dificuldades face ao que considera ser a "discriminação" do Governo relativamente ao mercado discográfico devido ao valor do IVA. "Se isto continuar como está não vamos longe. Perdemos 50 por cento do mercado em dois anos", lamenta.

Primeiro disco nas lojasUm Tanto Ou Quanto Atarantado, dos Azeitonas, é o primeiro disco com selo Maria Records. O projecto, formado há dois anos e meio, tem uma ideia forte e aparentemente contraditória: afirmam-se como a primeira boy band de garagem. "É uma fusão da boy band com a banda de garagem. Começámos como qualquer banda de garagem a tocar para os nossos amigos e para um público ainda diminuto. Somos nós que compomos, criamos, coreografamos - o conceito é todo feito por nós. Os Azeitonas foram feitos e pensados pelos próprios, o que nos dá bastante prazer", afirma Francisco, que prefere ser tratado pelo nome artístico Panchito.
O músico recorda um episódio: "Inscrevemo-nos num site dedicado às bandas de garagem. Mandámos o nosso perfil para ver se conseguiríamos ser aceites e deram-nos um chumbo. Devem ter considerado que não tínhamos perfil para nos apresentarmos como uma banda de garagem", diz, entre risos.
Rui Veloso, que tem a seu cargo a escolha dos projectos musicais, gostou do conceito e da primeira maqueta e decidiu escolher os Azeitonas para a primeira edição da sua editora. "Acho que completamos todos os critérios que o Rui procura: apoiar projectos portugueses, cantados em português, com ideias originais e bons musicalmente."
O álbum está mais próximo do nacional-cançonetismo dos anos 70 e 80 (Carlos Paião, José Cid, Armando Gama) do que da pop das boy band tradicionais. "Queremos apanhar o que de bom houve na música portuguesa no passado e tentar fazer uma fusão com os dias de hoje", afirma Panchito, que considera que os Azeitonas são um projecto de "música comercial portuguesa ligeira, mas não um projecto ligeiro".
Seja pela imagem, pelo nome do grupo, das colaboradoras Azeitonettes ou pelo clube de fãs Azeitolas, há um lado bem disposto e brincalhão neste grupo que, apesar disso, se leva a sério. Panchito concorda com a descrição: "Caracterizamo-nos como uma banda que trata o amor por tu, sem tabus. Isso pode parecer cómico, por um lado, e a intenção é também ter uma imagem divertida, mas a intenção é que as pessoas gostem da nossa música e a sintam de uma forma verdadeira."
Aparentemente, os ventos não sopram de feição para o negócio da música. Os "ataques" são múltiplos: o IVA aumentou, o que complicou ainda mais a luta pela equiparação do imposto sobre os discos aos 5 por cento que é praticado para os livros, e a pirataria tornou-se um hábito comum para muitos consumidores de música. Apesar do cenário pouco animador, está, desde ontem, nas lojas a primeira edição da Maria Records, projecto de Rui Veloso e de três outros amigos. O disco chama-se Um Tanto ou Quanto Atarantado e marca também a estreia discográfica dos Azeitonas.
Os objectivos da Maria Records são relativamente modestos: "Editar dois ou três projectos de jovens artistas de música portuguesa e cantada em português", diz Manuel Moura dos Santos, gestor da editora e empresário de Rui Veloso há 15 anos. O requisito de cantar em português "é uma opção estratégica": "O futuro da música portuguesa passa por cantar na nossa língua. Já que tão poucas coisas passam por ser em português, ao menos tentemos preservar aquilo que nos diferencia de qualquer outro povo - a língua."
Para este sócio da Maria Records, uma ideia de Rui Veloso que só agora decidiu avançar, o sucesso de Dulce Pontes, Mariza e Madredeus no estrangeiro seria impossível sem o factor identitário da língua portuguesa. "A atmosfera que criam só é possível cantando na nossa língua. Muitos artistas acham que têm mais possibilidades de penetrar em mercados internacionais cantando em inglês. Em teoria está certo, mas na prática é tudo muito mais complicado, porque quando passam lá para fora competem com milhões de artistas que cantam em inglês", diz Manuel Moura dos Santos.
Na próxima semana, chega às lojas o segundo álbum lançado pela Maria Records: Anjos da Noite, de Jorge Vadio, artista "muito influenciado pela música popular portuguesa e que faz lembrar muito vagamente António Variações".
Moura dos Santos reconhece que a afirmação da Maria Records no mercado não vai ser fácil: "Temos consciência que nos metemos numa aventura muito complicada, mas pensamos que há espaço para artistas novos." Admite até dificuldades face ao que considera ser a "discriminação" do Governo relativamente ao mercado discográfico devido ao valor do IVA. "Se isto continuar como está não vamos longe. Perdemos 50 por cento do mercado em dois anos", lamenta.

Primeiro disco nas lojasUm Tanto ou Quanto Atarantado, dos Azeitonas, é o primeiro disco com selo Maria Records. O projecto, formado há dois anos e meio, tem uma ideia forte e aparentemente contraditória: afirmam-se como a primeira boy band de garagem. "É uma fusão da boy band com a banda de garagem. Começámos como qualquer banda de garagem a tocar para os nossos amigos e para um público ainda diminuto. Somos nós que compomos, criamos, coreografamos - o conceito é todo feito por nós. Os Azeitonas foram feitos e pensados pelos próprios, o que nos dá bastante prazer", afirma Francisco, que prefere ser tratado pelo nome artístico Panchito.
O músico recorda um episódio: "Inscrevemo-nos num site dedicado às bandas de garagem. Mandámos o nosso perfil para ver se conseguiríamos ser aceites e deram-nos um chumbo. Devem ter considerado que não tínhamos perfil para nos apresentarmos como uma banda de garagem", diz, entre risos.
Rui Veloso, que tem a seu cargo a escolha dos projectos musicais, gostou do conceito e da primeira maqueta e decidiu escolher os Azeitonas para a primeira edição da sua editora. "Acho que completamos todos os critérios que o Rui procura: apoiar projectos portugueses, cantados em português, com ideias originais e bons musicalmente."
O álbum está mais próximo do nacional-cançonetismo dos anos 70 e 80 (Carlos Paião, José Cid, Armando Gama) do que da pop das boy band tradicionais. "Queremos apanhar o que de bom houve na música portuguesa no passado e tentar fazer uma fusão com os dias de hoje", afirma Panchito, que considera que os Azeitonas são um projecto de "música comercial portuguesa ligeira, mas não um projecto ligeiro".
Seja pela imagem, pelo nome do grupo, das colaboradoras Azeitonettes ou pelo clube de fãs Azeitolas, há um lado bem-disposto e brincalhão neste grupo que, apesar disso, se leva a sério. Panchito concorda com a descrição: "Caracterizamo-nos como uma banda que trata o amor por tu, sem tabus. Isso pode parecer cómico, por um lado, e a intenção é também ter uma imagem divertida, mas a intenção é que as pessoas gostem da nossa música e a sintam de uma forma verdadeira."

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