É um chalet? É um espigueiro? É uma carta de amor, em Baião

Em Baião, uma casa de madeira foi montada como se de Lego se tratasse. O autor do projecto é Nuno Campos.

©FERNANDO GUERRA | FG+SG
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Foi na tranquila freguesia de Ovil, no concelho de Baião, a cerca de 90 quilómetros do Porto, que o arquitecto Nuno Campos, da Traço Alternativo, transformou uma ruína no refúgio de férias de uma família portuense. O cliente, explica o arquitecto, pretendia “fazer uma gentileza à mulher, reabilitando umas ruínas na terra onde aquela tinha nascido e sido criada”.

Ao P3, o arquitecto conta que o proprietário visualizava um “chalet suíço” para aquele espaço. Coube a Nuno Campos explicar ao cliente que o que tinha em mente não se adequava nem ao espaço em causa nem ao clima português. No entanto, não quis deixar de transpor “o universo anímico da madeira para uma linguagem contemporânea”, refere. Ou seja, não quis deixar de criar o refúgio que o cliente acalentava.

Constatou então que nas redondezas da ruína —​ tal como em grande parte da região Norte — existiam inúmeros espigueiros. A utilização da madeira naquelas construções foi decisiva e inspirou fortemente a materialidade do projecto. “Trouxe essa linguagem para a habitação”, confessa Nuno Campos. “A Casa de Baião tem uma particularidade que consiste em ter sido, toda ela, prototipada em madeira numa carpintaria em Gaia e montada como se de Lego se tratasse”, explica o arquitecto.

A madeira domina a construção da habitação, como as fotografias de Fernando Guerra mostram, tendo sido esta a exigência do proprietário. Foi, por isso, utilizada como material estrutural e de revestimento, tanto no interior como no exterior. Salvo a cave e três paredes do rés-do-chão que são em betão, toda a casa é feita de madeira nórdica, por ser considerada a mais adequada ao propósito. “A madeira aquece-nos a alma”, comenta o arquitecto, que destaca ainda a longevidade, sustentabilidade e o conforto deste elemento. “Tentou-se inovar no desenho e trabalhar esse material de forma mais expressiva e sensorial”, diz. Até porque “mexe com o subconsciente anímico do homem das cavernas, com a vontade de estar, à noite, à volta da fogueira”, acrescenta.

Com um design mais contemporâneo do que o “chalet suíço tradicional” que estava na génese do projecto, o projecto de Nuno Campos conquistou o proprietário. “Era mesmo este o chalet que eu tinha imaginado”, ter-lhe-á confessado. E a mulher, essa adorou a prenda.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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