Torne-se perito

Cientistas anunciam descoberta de nova partícula subatómica

O físico Antimo Palano acaba de apresentar provas da existência de uma nova partícula subatómica, num auditório a abarrotar de gente no Centro do Acelerador Linear Stanford, na Califórnia, nos Estados Unidos. Os estudos iniciais indicam que a nova partícula é uma combinação invulgar de outras duas partículas subatómicas fundamentais - os quarks. A nova partícula chama-se Ds (2317). As suas propriedades não são como prevê o modelo-padrão da física das partículas - a teoria básica da física, actualmente aceite pelos cientistas, que descreve a organização de um conjunto de partículas elementares e das forças existentes entre elas. "A existência da partícula não é uma surpresa, mas a sua massa é menor do que se esperava. Este resultado vai reenviar os teóricos para o quadro", diz Jonathan Dorfan, director do Centro do Acelerador Linear Stanford, citado num comunicado de imprensa da instituição, numa alusão aos quadros repletos de cálculos matemáticos que os físicos vão agora ter de fazer. Os quarks fazem parte do zoo de partículas fundamentais, havendo seis tipos na natureza. Os quarks "up" e "down" são os mais leves e encontram-se no núcleo dos átomos da matéria vulgar, sendo assim os constituintes dos neutrões e protões. Há ainda os quarks "charm", "strange", "top" e "bottom". Mais pesados do que os quarks "up" e "down", estes quarks existiram no início do Universo e hoje são criados nos aceleradores de partículas e nas colisões dos raios cósmicos com os átomos presentes na atmosfera terrestre, explica ainda o comunicado. Os quarks, como as outras partículas atómicas, têm antipartículas: um antiquark "strange" é homólogo do quark "strange", mas apresenta propriedades inversas - na carga eléctrica, por exemplo. A matéria e a antimatéria são equivalentes, como as imagens de um espelho. Mas existe grande incompatibilidade entre elas: quando a matéria e a antimatéria se encontram, aniquilam-se mutuamente numa grande explosão de energia.A nova partícula apresenta a configuração invulgar de um quark "charm" e um antiquark "strange": "Tem propriedades inesperadas que irão permitir compreender a força que mantém os quarks unidos. Esta força, ao contrário da maioria das outras, torna-se mais forte à medida que aumenta a distância entre dois quarks", refere o comunicado. Esta descoberta foi feita pelo consórcio internacional BaBar, que opera um detector de partículas em Stanford, que pertence ao Departamento de Energia dos EUA. Esse detector analisa os resultados das colisões de partículas subatómicas realizadas no acelerador. Mais de 500 cientistas e engenheiros - de 75 instituições da Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Noruega, Reino Unido e Rússia - trabalham no BaBar, que estuda a assimetria entre a matéria e a antimatéria na natureza. Quando o Universo foi criado no Big Bang, há menos de 15 mil milhões de anos, terão sido produzidas quantidades idênticas de matéria e antimatéria. Mas no Universo que vemos hoje, não há antimatéria, à excepção daquela que é produzida nos aceleradores de partículas. Parece ter desaparecido toda, o que constitui um enorme quebra-cabeças: para onde foi toda a antimatéria? E por que razão a antimatéria não destruiu toda a matéria, deixando apenas fotões no Universo?A identificação da nova partícula resultou desses estudos. "Por vezes, as descobertas mais entusiasmantes vêm de direcções inesperadas. Nas últimas semanas, houve um grande entusiasmo com a experiência à medida que fazíamos todas as verificações para ver se esta intrigante nova partícula era real", sublinha Marcello Giorgi, da Universidade de Pisa, na Itália, que coordena o BaBar. A equipa submeteu para publicação um artigo na revista "Physical Review Letters", no qual apresenta a nova partícula à comunidade científica.

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