Concertos na JMJ: “Cantar é uma forma de rezar”

Vários concertos da JMJ estão distribuídos por Lisboa. Na quinta-feira, na Alameda, havia comboios com uma banda indiana. No Terreiro do Paço, uma banda francesa apelou ao “amor a Deus”.

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Balançam-se de um lado para o outro, em movimentos ligeiros, e cantam como se estivessem a sussurrar: “Deus, eu preciso de ti”, repetem, mas em inglês. De vez em quando, levam a mão ao peito e olham fixamente para a frente. Pela descrição, este grupo de jovens quase que poderia estar em oração, numa celebração religiosa, no interior de uma igreja, mas não, este grupo vindo da Austrália é um dos que assiste aos concertos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em plena Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa. Em uníssono, as jovens cantam uma das músicas da banda que está em palco.

Mas a ligação à oração não é em vão. Maelody Gevero é uma das jovens no grupo e não tem dúvidas: “Cantar é uma forma de rezar.” Neste momento, quase às 23h, desta quinta-feira, vê o concerto da banda indiana católica Acts of Apostles e identifica-se com as suas mensagens que apelam à união e à oração em conjunto.

É por isso que veio de Sydney a Lisboa. “É muito importante para mim estar no meio de milhares de católicos. Motiva-me”, confessa. À JMJ, veio com um grupo de outras jovens. Todas cantam agora na Alameda. “Para nós, é uma forma de rezar a Jesus”, diz ao PÚBLICO a jovem de 24 anos.

Este foi só um dos momentos que se viveram na noite desta quinta-feira na Alameda — e o mais calmo. A banda Acts of the Apostles trouxe animação. No palco, os músicos cantavam e saltavam, e na plateia também. “Nós somos o Reino de Deus”, cantavam os vocalistas. Nos intervalos entre músicas, aproveitavam para abordar a audiência. “Somos a juventude católica e somos imparáveis”, dizia um dos quatro cantores.

Para jovens na JMJ, cantar é uma forma de rezar Henrique Lourenço
Jovens estiveram em concertos da JMJ na Alameda Henrique Lourenço
Viram-se várias bandeiras durante o concerto Henrique Lourenço
Na Alameda, jovens dançaram ao som de uma banda católica da Índia Henrique Lourenço
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Para jovens na JMJ, cantar é uma forma de rezar Henrique Lourenço

Um dos momentos altos foi quando cantaram uma das músicas em hindi, onde abordavam a oração a Jesus, e até ensinaram o refrão à audiência. Na plateia, havia quem saltasse, dançasse ou participasse em comboios de pessoas que foram percorrendo parte da Alameda. Andre Tohio foi uma das pessoas que participou num dos comboios. Animado e a mostrar uma bandeira do Benim, disse ao PÚBLICO estar a “gostar muito da conexão entre a música e o catolicismo”. O jovem de 26 anos estava encantado com o ambiente: “A ligação é muito boa!”

A contrastar, num local mais recatado chamado “Espaço Misericórdia” rezava-se em silêncio, com a música, ainda que baixa, como pano de fundo.

Por outros locais de Lisboa, os eventos musicais foram estando distribuídos por vários locais, desde o Jardim da Estrela, passando pelo Largo da Graça, até ao Parque Eduardo VII. Vão continuar até domingo.

Ainda que animada, a Alameda esteve longe de estar cheia com o concerto da banda indiana. O mesmo não acontecia na Praça do Comércio. Pelas 21h30, já o espaço começava a ficar cada vez mais lotado. Com a estátua equestre de D. José I como cenário, os concertos seguiam uns atrás dos outros.

Partilha através da música

Eléonore Danckaert e Charlotte Betoe dançavam sem parar ao som da banda de reggae francesa Les Guetteurs. Também elas são de França, mas não conheciam a banda. E até as surpreendeu: “Adoro a sonoridade”, diz Charlotte Betoe. Também a letra de algumas músicas a convenceu e cita de forma livre uma dessas letras: “Não há terra para a nossa alma. Somos todos exilados em busca de Deus.”

Antes, as duas amigas estiveram no Porto e agora estão a aproveitar ao máximo a JMJ em Lisboa. “É uma óptima forma de partilhar a nossa alegria”, considera a sorridente Eléonore Danckaert. E a música potencia essa alegria: “É uma forma de partilharmos a nossa paixão por Jesus.”

No palco, a banda vai explicando algumas das suas músicas, tanto em francês como em inglês. Em muitas delas, vai-se abordando de forma ritmada “o amor a Deus” que dizem ter descoberto e o gosto pela oração. Para transmitir tudo isto, cantam.

O Terreiro do Paço foi-se enchendo de jovens para verem concertos da JMJ Henrique Lourenço
Havia bandeiras de várias nacionalidades e gritava-se: "Esta é a juventude do Papa." Henrique Lourenço
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O Terreiro do Paço foi-se enchendo de jovens para verem concertos da JMJ Henrique Lourenço

Há bandeiras de vários países do mundo, mas a de França destaca-se um pouco neste concerto. Uma delas pertence ao grupo do padre Timothée Gabrielle. Consigo, veio um grupo de mais de 200 jovens. O irmão dominicano encantou-se pela partilha de jovens católicos também num evento do dia da juventude quando tinha 15 anos. Por isso, decidiu trazer jovens a um encontro desse género.

Vestido a rigor, com o seu fato de irmão dominicano, esteve a assistir atento ao concerto dos seus “conterrâneos” Les Guetteurs. Só saiu da Praça do Comércio quando o concerto terminou, porque, para si, a música também faz parte da festa religiosa. “A música tem frases e melodias que podem transmitir amor. É importante para o corpo e para a alma”, acredita. À sua volta, centenas de jovens dançavam com o corpo e cantavam com a alma.

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