Há uma boa meia dúzia de anos que, volta e meia, nos chegam notícias de produtores de regiões vinhateiras em diferentes países da Europa que, face a primaveras muito frias — com temperaturas de Inverno ainda —, se vêem obrigados a fazer fogueiras nas suas vinhas, para que as geadas tardias provocadas pelas baixas temperaturas não queimem os cachos de uvas que começam a formar-se nas videiras. As imagens que nos chegam de um dos produtores mais antigos da região de Trentino-Alto Ádige, no Tirol do Sul, Norte de Itália, não são por isso inéditas. Mas são preocupantes, a começar precisamente pelo facto de a prática já se ir repetindo demasiadas vezes.
A Abbazia di Novacella publicou há dias no seu perfil de Facebook estas imagens das suas vinhas iluminadas e aquecidas por velas e tochas. Quase tantas como as videiras. O objectivo? Impedir que as geadas tardias, uma das alterações climáticas que afectam a cultura da vinha, queimassem os rebentos que darão ao mosteiro italiano a produção de vinho deste ano.
Queimados os futuros cachos pelo gelo, as adegas perdem essa produção, comprometendo já à partida a vindima de 2024. O site italiano Wine News dá conta de que são vários os produtores confrontados com este problema e que neste início de Primavera, que mais parece "um final de Inverno", com as videiras já na fase de abrolhamento, são obrigados a defender do frio que pode comprometer a próxima colheita. Um frio que há uma década não se fazia sentir no mês de Abril.