Hamas terá concordado com principais pontos da proposta de cessar-fogo

Israel recusa que pacto inclua uma previsão para o fim da guerra, mas os Estados Unidos terão dado garantias de que isso vai acontecer na última fase do acordo.

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Netanyahu recusou enviar uma delegação ao Cairo Ronen Zvulun/Reuters
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Tendo em conta as muitas manifestações prematuras de optimismo dos últimos meses, é difícil acreditar em sinais que apontam para que um acordo de trégua na Faixa de Gaza possa estar para breve. Este sábado, depois de uma delegação do Hamas aterrar no Cairo, os media egípcios deram conta de “progressos notáveis” nas negociações – antes, alguns jornais árabes e palestinianos tinham escrito que o Hamas poderia estar prestes a anunciar que aceita a última proposta dos mediadores.

Ao mesmo tempo, um alto funcionário do Governo israelita, citado pelo diário The Times of Israel, dizia que o país só enviará uma delegação ao Cairo se houver “um movimento positivo” no sentido de um acordo. Já passava das 21h (19h em Portugal continental) quando a televisão pública israelita Kan noticiou que os mediadores, principalmente os Estados Unidos, estavam a pressionar Israel para enviar essa delegação, enfrentando a recusa do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

De acordo com o Channel 12 e o diário Haaretz, Netanyahu teria mesmo feito declarações que quis ver atribuídas a um “alto funcionário diplomático", comprometendo-se a invadir Rafah – o que visaria minar as negociações.

Segundo a emissora egípcia Al-Qahera, já foi alcançado um consenso sobre muitas das questões que têm divido Israel e o Hamas. Os Estados Unidos já disseram que a proposta a que o Hamas tem de responder é “muito generosa”. “Desta vez, as coisas parecem melhores, mas se chegam para um acordo vai depender de Israel ter oferecido o que é necessário”, disse à Reuters um “responsável palestiniano com conhecimento dos esforços de mediação”.

“Os resultados de hoje serão diferentes. Chegámos a um acordo sobre muitos pontos e restam alguns”, afirmou à mesma agência uma fonte de segurança egípcia. Um dos sinais positivos sublinhado por alguns observadores é o facto de a delegação do Hamas ser liderada por Khalil al-Hayya, “número dois” do braço político do grupo em Gaza, que terá mais autoridade junto de Yahya Sinwar, líder máximo do grupo no enclave (que terá a última palavra), do que outros dirigentes no exílio.

Segundo a imprensa israelita, a proposta actual prevê três fases de cessar-fogo, sendo que na primeira, que poderá durar até 40 dias, o Hamas libertaria pelo menos 33 dos mais de 130 reféns que continuam em Gaza (nem todos vivos), obtendo, em troca, para além da libertação de prisioneiros palestinianos, a retirada das Forças de Defesa de Israel de algumas zonas do território.

Numa segunda fase, de 42 dias, seriam libertados todos os restantes reféns vivos e as duas partes teriam de se pôr de acordo para “uma acalmia sustentável”. Seguir-se-ia uma terceira fase, de outros 42 dias, que consistiria numa troca de restos mortais.

Entre os pontos mais difíceis de ultrapassar tem estado sempre a exigência do Hamas em ver neste acordo uma previsão do fim do conflito, enquanto Israel insiste que vai ficar em Gaza e que não desiste da planeada incursão terrestre em Rafah, a cidade do Sul da Faixa onde cerca de 1,4 milhões de palestinianos se abrigam actualmente.

Jornais israelitas e árabes adiantaram que os EUA terão dado “garantias” ao Hamas de que o fim da guerra acontecerá na última fase do acordo e que isso teria grande peso na disponibilidade do movimento para aceitar a proposta. Mas vários responsáveis israelitas que falaram sob anonimato refutaram essas informações. Segundo um destes responsáveis, que falou com o canal i24NEWS, as “promessas feitas pelos americanos são apenas deles”, disse um destes responsáveis, citado pelo canal israelita i24NEWS

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