Economia chinesa regista deflação em Julho com preços a caírem 0,3%

Analistas apontavam para uma queda ainda maior, de 0,4%, em relação aos preços registados há um ano.

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Gastos das famílias chinesas ainda não recuperou EPA/MARK R. CRISTINO

O índice de preços ao consumidor (IPC), o principal indicador da inflação na China, registou uma queda homóloga, de 0,3%, em Julho, num fenómeno designado como deflação, segundo dados oficiais divulgados esta quarta-feira.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

Os analistas apontavam para uma queda de 0,4%, em relação aos preços registados há um ano.

Os preços ao consumidor, que caíram para território negativo pela última vez em Fevereiro de 2021, estava à beira da deflação há meses, indicando que a recuperação nos gastos não se materializou, depois de as autoridades terem abolido a política de zero casos de covid-19, no início do ano.

Dong Lijuan, do Gabinete Nacional de Estatística da China, assegurou que a queda do IPC é uma questão temporária: “Com a recuperação da economia chinesa, a expansão sustentada da procura no mercado, a melhoria contínua da relação entre oferta e procura e a eliminação gradual dos efeitos da última alta base comparativa do ano, espera-se que o IPC recupere gradualmente”.

A comparação mensal dos preços ao consumidor, que estava em território negativo há cinco meses consecutivos, acelerou em Julho, para 0,2%, surpreendendo os analistas, que esperavam uma nova queda, desta vez de 0,1%.

O especialista indicou que o núcleo da inflação - indicador que elimina a volatilidade dos preços dos alimentos ou energia – subiu 0,8%, na comparação anual, o valor mais alto desde Janeiro, e que os preços dos serviços atingiram o máximo dos últimos 17 meses, ao subir 1,2%.

Depois de o IPC da China ter subido 2%, no ano passado, Pequim estabeleceu uma meta de crescimento de cerca de 3% para 2023.

“Estamos cépticos de que a China esteja a entrar num período prolongado de deflação”, apontou Evans-Pritchard, analista da consultora Capital Economics, num relatório.

O índice de preços ao produtor (PPI), que mede os preços à saída das fábricas, caiu 4,4%, em Julho, menos um ponto percentual do que no mês anterior. Os analistas previam uma queda em torno de 4,1%.

A Capital Economics atribuiu a evolução do PPI à volatilidade dos preços das matérias-primas, desta vez devido ao aumento do custo do petróleo e do gás.

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