Por um intenso e irradiante agora

A esquerda ganharia em celebrar mais efusiva e demoradamente as suas obras e conquistas — e fazê-lo a dançar ao som de pop contemporânea, deixando em casa a guitarra, o bombo e a flauta de bisel.

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No documentário L’abécédaire de Deleuze, o filósofo francês Gilles Deleuze é desafiado pela sua amiga e ex-aluna Claire Parnet a relacionar cada letra do alfabeto com uma reflexão à sua escolha. Chegado à letra G, de gauche (esquerda), Deleuze afirma que “ser de esquerda é um fenómeno de percepção (...) primeiro, percebe-se o horizonte”. O filósofo considera que a direita começa pelo indivíduo, depois a sua casa, a rua, a cidade, o seu país, os outros países; enquanto a esquerda entenderá o mundo pela razão inversa: primeiro o horizonte, depois os países, a cidade, a rua, o indivíduo. Para Deleuze, ser de esquerda é “olhar para o horizonte e saber que não é possível que milhares de pessoas morram de fome; que não é possível esta injustiça absoluta”. A sua reflexão — que mais traduz as interessantes conversas que Gilles teria com Claire, do que obedece a rigor académico — pode cair na categoria das coisas que, a não serem provadas, são bem achadas.

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