Brasileirão mantém aposta nos treinadores portugueses

Em 2024 deverão ser pelo menos seis os técnicos desafiados a atravessar o Atlântico... o segundo maior contingente desde 2015.

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Álvaro Pacheco DR
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O principal campeonato brasileiro ainda não esgotou o filão português de treinadores, numa permanente busca, especialmente desde 2020, por novas ideias, métodos e visões mais abrangentes sobre o futebol.

As mais recentes “aquisições” são Petit (Cuiabá) e Álvaro Pacheco — que, depois da demissão ontem anunciada pelo Vitória de Guimarães, aguarda a oficialização como técnico do histórico Club de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janeiro.

Uma dupla que se junta aos “residentes” Abel Ferreira (no Palmeiras desde 2020), António Oliveira (Corinthians), Pedro Caixinha (RB Bragantino) e Artur Jorge (Botafogo).

Com seis rondas já disputadas, nada garante que estes números não venham a “engrossar”, numa altura em que o Brasileirão, ao ritmo habitual de troca de técnicos, pode caminhar rapidamente para alcançar o recorde estabelecido em 2023, ano em que houve dez treinadores principais em acção (Abel Ferreira, Vítor Pereira, Luís Castro, Bruno Lage, Pedro Caixinha, Ivo Vieira, Pepa, Renato Paiva, Armando Evangelista e António Oliveira).

Um "boom" que dispensa explicações, consequência do trabalho e dos títulos alcançados por Jorge Jesus no Flamengo e por Abel Ferreira no Palmeiras, os dois grandes embaixadores e responsáveis pelo franqueamento da fronteira que separa dois países historicamente indissociáveis.

Obviamente, num contexto de alguma desconfiança e até de resistência à “invasão” lusa, é essencial provar que este súbito movimento vai para além de uma simples moda. Algo que tem, em certa medida, sido cumprido. O reforço de 2023 surge depois de no ano anterior ter havido cinco portugueses ao comando de equipas do Brasileirão, com Luís Castro (Botafogo) e Vítor Pereira (Corinthians) a provarem que Jesus e Abel não são a excepção.

Recorde-se que depois da chegada ao Brasil de Abel Ferreira, Jesualdo Ferreira (Santos) e Sá Pinto (Vasco da Gama), em 2020, houve um refreamento no ano seguinte, em que a pandemia terá desempenhado papel decisivo.

Antes de Jesus, porém, os dados apontam para apostas pontuais, meramente exploratórias.

O então “desconhecido” Sérgio Vieira, em 2015, foi o primeiro depois de um punhado de nomes como o de Cândido Oliveira. O antigo analista de Sp. Braga e Sporting ganhou notoriedade nas escutas a Lula da Silva, presidente do Brasil, no âmbito da Operação Lava-Jato.

Mas foi Paulo Bento, em 2016, no Cruzeiro, a dar novo fôlego à ideia e a preparar o caminho que Jorge Jesus desbravou com a conquista do Brasileirão, da Supercopa e da Taça Libertadores.

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