No Porto e em Lisboa, há lojas a fingir que são antigas só para inglês ver

Eram mercearias e cafés antigos. Hoje, vendem conservas, pastéis de nata e de bacalhau com queijo da serra. À porta, o letreiro diz que lá estão há mais de um século. Também há quem venda mitos.

neg - 16 maio 2024 - É uma reportagem sobre espaços comerciais que se aproveitam do legado do passado dos edifícios que agora ocupam para dizerem que são mais antigos, mas na verdade existem há pouco tempo ou alteraram o modelo de negócio para o orientarem para turistas. CASA GUEDES NO ANTIGO CAFE PROGRESSO
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O Café Progresso fechou em 2018. No seu lugar abriu uma Casa Guedes, que conservou a inscrição em inglês que remetia para a antiguidade do café portuense Nelson Garrido
neg - 16 maio 2024 - É uma reportagem sobre espaços comerciais que se aproveitam do legado do passado dos edifícios que agora ocupam para dizerem que são mais antigos, mas na verdade existem há pouco tempo ou alteraram o modelo de negócio para o orientarem para turistas. A CONSERVEIRA DO PORTO NA ANTIGA CASA ORIENTAL
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A Casa Oriental, no Porto, agora é uma loja do grupo O Valor do Tempo, que vende conservas. Ainda lá está, em destaque, o letreiro com o ano de fundação da mercearia que lá existia antes Nelson Garrido
neg - 16 maio 2024 - É uma reportagem sobre espaços comerciais que se aproveitam do legado do passado dos edifícios que agora ocupam para dizerem que são mais antigos, mas na verdade existem há pouco tempo ou alteraram o modelo de negócio para o orientarem para turistas. PASTEL DE BACALHAU
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Ao lado da antiga Casa Oriental está uma das várias lojas que existem no país da Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau Nelson Garrido
neg - 16 maio 2024 - É uma reportagem sobre espaços comerciais que se aproveitam do legado do passado dos edifícios que agora ocupam para dizerem que são mais antigos, mas na verdade existem há pouco tempo ou alteraram o modelo de negócio para o orientarem para turistas. PASTEL DE BACALHAU
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Neste plano aproximado do toldo da Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau vê-se a data de fundação da antiga mercearia que lá existiu Nelson Garrido
neg - 16 maio 2024 - É uma reportagem sobre espaços comerciais que se aproveitam do legado do passado dos edifícios que agora ocupam para dizerem que são mais antigos, mas na verdade existem há pouco tempo ou alteraram o modelo de negócio para o orientarem para turistas. LIVRARIA LELLO
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A Lello, comprada pela família Pedro Pinto em 2015, acumula diariamente à sua porta filas de turistas para visitar a livraria sobre a qual se dizia ter inspirado a escrita dos livros da saga Harry Potter Nelson Garrido
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Onde estava um dos cafés mais antigos do Porto agora vendem-se sandes de pernil. E essas sandes beneficiam do selo de qualidade que lhes foi atribuído no passado, pelo passa-palavra entre portuenses, quando ainda só eram confeccionadas na Praça dos Poveiros. Porém, hoje, nem o pernil é servido por quem criou a receita, nem o café “mais antigo do Porto” existe. O café Progresso, inaugurado em 1899, fechou portas em 2018 e em 2020 abriu no mesmo edifício uma Casa Guedes, negócio familiar que foi comprado há uns anos por um grupo de investimento brasileiro - hoje há quatro estabelecimentos na cidade. Só que, escrito na fachada, em inglês, virada para a Rua Actor João Guedes, ainda se lê: “O café mais antigo da cidade, desde 24 de Setembro de 1899” - a inscrição em português foi substituída por um letreiro com o nome da casa de sandes. Mas, na verdade, o que lá existe agora é um restaurante, aberto apenas há cerca de quatro anos.

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