Nesta conferência de programação não há oradores convidados

A sétima edição do JNation conta voltar a encher o Convento São Francisco, em Coimbra, nos dias 4 e 5 de Junho, com 1200 participantes. E quem ministra as sessões teve de se candidatar para o fazer.

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Ao contrário do que é habitual em muitas conferências, no JNation, o evento de programação criado em Coimbra que já acolhe anualmente 1200 participantes, os oradores não são convidados pela organização. Se um especialista quiser ter uma sessão a seu cargo, tem de submeter um projecto a concurso e aguardar ser escolhido. Em perto de 500 submissões – o número mais alto de sempre –, foram apuradas 48, oriundas maioritariamente do estrangeiro. Agora, está quase tudo a postos para, nos dias 4 e 5 de Junho, o JNation estar de regresso ao Convento São Francisco.

O JNation é um evento que reúne, durante dois dias, os principais agentes da indústria de desenvolvimento de software, tanto nacionais como internacionais. E vai contar com 48 sessões de 50 minutos, da responsabilidade de oradores que se inscreveram para falar na conferência. "Todo o processo de escolha é aberto. Os oradores, de qualquer parte do Mundo, podem submeter a sessão que querem apresentar e nós, depois, escolhemo-las. Não por causa do mérito, porque muitas pessoas têm imenso mérito, mas sim porque é necessário fazer essas escolhas, com base em vários critérios", explica Roberto Cortez, fundador do JNation, que já vai na sétima edição. Ao mesmo tempo, com esse método, a organização entende que assegura "a independência" do evento.

O processo de selecção dos oradores é um trabalho que demora cerca de dois meses. É necessário avaliar a relevância do tema que vai ser apresentado, se se encaixa nas áreas a que o JNation dá destaque, assistir a sessões que aqueles oradores já tenham feito no passado, noutros locais, e perceber como é que se comportam em palco. O nível de inglês e as capacidades comunicativas dos oradores também são factores de avaliação. "Quase toda a conferência é em inglês, até porque cerca de 10% dos participantes vem do estrangeiro. Por isso, temos de ter a certeza que os oradores se expressam bem nessa língua", esclarece Roberto Cortez.

Os nacionais também têm lugar

Desengane-se, contudo, quem achar que apenas oradores estrangeiros têm lugar no JNation. A tendência vinha a ser essa, mas, para a contrariar, este ano, a organização optou por adicionar uma sequência de sessões destinada, apenas, aos especialistas nacionais.

"Acho que acabámos por ser um pouco vítimas do nosso próprio sucesso. Porque o que tem acontecido é termos oradores internacionais que são os próprios responsáveis por determinada tecnologia. Então, torna-se difícil justificar escolher um orador nacional, ou mesmo local, quando há um internacional disponível, que faz a tecnologia que nós utilizamos", clarifica Roberto Cortez. Assim, na edição deste ano, vai haver uma sala reservada apenas para oradores locais e nacionais.

Quanto aos participantes, ainda que a maioria seja de nacionalidade portuguesa – de Coimbra, mas também de Lisboa, Porto, Aveiro e Leiria, entre outras cidades –, há mais de 100 oriundos do estrangeiro. Chegam de Espanha – sobretudo da Galiza –, de França e da Alemanha, por exemplo.

Inteligência Artificial com destaque

No total, as sessões decorrem em simultâneo em seis salas, cada uma dedicada a uma temática. Java – que é uma linguagem de programação –, JavaScript, "cloud" [computação em nuvem] ou arquitectura [relacionada com a construção de sistemas em larga escala] são alguns dos temas que estarão em discussão. E o público escolhe, livremente, as sessões a que quer assistir.

No entanto, a grande novidade da edição deste ano é a existência de uma série de sessões dedicadas, exclusivamente, à Inteligência Artificial. "Penso que a grande diferença do que outras conferências têm feito, não só em Portugal, mas principalmente no estrangeiro, é que em vez de termos a Inteligência Artificial de uma forma mais abstracta, quem vem fazer as sessões vem explicar como é que os programadores podem utilizá-la nos seus próprios programas. É um conceito muito mais prático do que o que temos visto por aí", refere Roberto Cortez.

A praticidade tem vindo a ser, aliás, um dos factores distintivos do JNation. Tanto que muitas empresas, mesmo que não sejam puramente tecnológicas, enviam os seus funcionários à conferência como complemento à formação. Até porque, como frisa o fundador do evento, na área tecnológica "não há verdades absolutas e, por isso, parte importante do JNation é ver experiências e perceber o que funcionou com determinadas pessoas".

"Queremos ensinar quem faz as aplicações a conseguir fazer a tecnologia de melhor forma, ao perceber como é que as coisas funcionam. Até costumo brincar e dizer que se um orador não estiver a mostrar código, ou como é que está a fazer determinada coisa, nós expulsamo-lo da sala", deixa claro Roberto Cortez.

"Coimbra, o lugar certo para estar"

Já com poucas vagas por preencher, o JNation limita as inscrições a 1200 participantes. A lotação foi atingida no ano passado e, este ano, a organização está praticamente certa de que o feito se vai repetir. Mas Roberto Cortez não equaciona, para já, aumentar o número de vagas, para não comprometer a experiência e o conforto do público, tendo em conta o espaço disponível no Convento São Francisco.

Paralelamente às sessões, existe uma área da conferência destinada aos stands de empresas parceiras do evento, que, dessa forma, se dão a conhecer aos visitantes. Um deles será da Câmara Municipal de Coimbra, patrocinadora institucional do JNation, que apresentará ali diversos projectos, como, por exemplo, o CoimbraCityLab. "Queremos posicionar o 'Coimbra, the right place to be' [Coimbra, o lugar certo para estar] como forma de reter e de captar talento, empresas e investidores, assim como dar a conhecer a centralidade da cidade e a grande aposta nas áreas estratégicas, que são a tecnologia e a saúde", adianta José Manuel Silva, presidente da autarquia, para quem o crescimento do evento "é um novo testemunho do progresso" do município.

"O JNation reveste-se de especial importância para a cidade. Estamos a tornar o concelho de Coimbra uma primeira escolha para os investidores e criadores de emprego, tirando parte dos nossos excelentes sistemas de ensino e de saúde", sublinha, ainda, José Manuel Silva. Para o edil, é inegável, também, a "renovada capacidade" que a cidade tem para atrair "jovens de todo o mundo para estudar, trabalhar e viver".

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