O verde como bálsamo

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Protagonista secundário em Bordéus, o Petit Verdot tem vindo a expandir-se e a ganhar popularidade um pouco por todo o mundo, tirando partido do aumento das temperaturas e da busca pela diferença que é inerente ao mercado do vinho.

Em Portugal, em particular no Alentejo, também começa a ganhar relevância. A lógica deve ser mais ou menos esta: se o Petit Verdot, como o próprio nome indica, é uma casta "verde", que amadurece tarde, talvez resulte bem na planície alentejana, bem mais quente e árida do que Bordéus.

A equação faz algum sentido. Além de amadurecer tarde, o Petit Verdot é uma variedade que transmite cor, taninos e acidez ao vinho. Em Bordéus, é usado, sobretudo, como "condimento" para o Cabernet Sauvignon, assumindo mais ou menos o mesmo papel do Sousão no Douro (onde esta casta entra cada vez mais em lotes dominados pela Touriga Nacional e a Touriga Franca). Mas, no Alentejo, o Petit Verdot já brilha sozinho. E, na maioria dos casos, os vinhos são vendidos a preços quase elitistas, próprios de produtos raros e exclusivos.

Seria preferível procurar a diferença em castas nacionais, mas, em última instância, o que conta é a qualidade intrínseca do vinho. Ora, provando sem estigmas este Tapada de Coelheiros Petit Verdot 2006, só podemos tecer elogios ao vinho. Apesar de ter já seis anos, ainda se mostra algo verdasco e taninoso na boca. Esse lado mais verde e ríspido pode não agradar a muita gente, mas dá frescura, nervo e persistência ao vinho, acabando por funcionar como um bálsamo inesperado, face às primeiras e belíssimas impressões olfactivas, que apontam para um vinho mais maduro (fruta vermelha e preta, especiarias). De resto, é esta dualidade maduro/verde que torna tão aliciante este Tapada de Coelheiros. Um vinho vertical que começa perfumado e "quente" e termina cheio de frescura. Pedro Garcias

Tapada de Coelheiros Petit Verdot 2006

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Herdade dos Coelheiros, Igrejinha

Castas:Petit Verdot

Graduação:14,5%vol

Região:Alentejo

Preço:55,72€ (caixa de duas garrafas)

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