“Loucas?” Serena Williams mostra do que as mulheres são capazes

Dramáticas, malucas, delirantes, desequilibradas, erradas, histéricas, irracionais e, acima de tudo, “loucas”. Serena Williams aproveita o mais recente anúncio da Nike para trazer para a mesa os preconceitos que as mulheres sofrem no desporto.

Durante os 90 segundos do anúncio, a tenista Simona Halep, a ginasta Simone Biles, a esgrimista Ibtihaj Muhammad, a snowboarder Chloe Kim, a futebolista Sam Gordon e outras atletas dão cor às palavras de Serena Williams, que vai enumerando uma série de marcos da história do desporto assinados por mulheres, descrevendo-as como "loucas" por quebrarem barreiras e irem mais além. “Uma mulher a correr a maratona era louca. Uma mulher a praticar boxe era louca. Uma mulher a afundar, louca. Treinar uma equipa da NBA, louca. Uma mulher a competir com um hijab; mudar de desporto; aterrar um double-cork 1080 — são todas 'loucas'", afirma a tenista. O discurso não termina sem um piscar de olho à sua carreira enquanto exemplo de sucesso — “Vencer 23 Grand Slams, ter um bebé e regressar para mais.” No final, um apelo para derrubar preconceitos: “Então, se eles querem chamar-te louca, porreiro. Mostra-lhes do que a loucura é capaz.”

De recordar que, no ano passado, a final feminina do Open dos EUA esteve envolta em polémica, quando Serena Williams discutiu com o árbitro da partida acusando-o de “sexismo". "Se és mulher só podes fazer metade do que um homem faz”, reagia na altura a tenista. Envolto em controvérsia esteve também o último anúncio da Nike, lançado em Setembro de 2018, que contava com a narração de Colin Kaepernick, o ex-quarterback dos San Francisco 49ers. A marca foi criticada por recorrer a um jogador que em 2016 se ajoelhou durante o hino nacional em forma de protesto contra a brutalidade policial para com os afro-americanos, gesto que foi visto, por muitos, como desrespeitoso.

Dias antes de o anúncio de Serena ser apresentado durante a cerimónia dos Óscares, a vice-presidente da Nike declarou, em comunicado, que se vive “um ponto de viragem para as mulheres no desporto.” Rosemary St. Clair, que é também directora geral da Nike Women, ressalvou que a marca tem vindo a trabalhar para "expandir o conhecimento das necessidades das mulheres" — prova disso, diz, foi o hijab criado para atletas muçulmanas“Algumas destas coisas já estão a acontecer”, defende a vice-presidente. “Mas, apesar dos avanços, não vamos descansar até a pergunta à questão 'Desporto é para ti?' mude de 'Não, que loucura' para que as mulheres possam de forma enfática dizer 'Sim, é para mim'.