"A castanha é a minha sobrevivência"

Em pleno Outono, pingos gordos irregulares de chuva, tempo frio, cores quentes, é difícil não travar o carro e fazer a pé a estrada recém-calcetada e semicoberta pelos ouriços que a acompanham e pelos castanheiros, imensos, que parecem abraçá-la. Num dos soutos da Quinta da Seara, em Sernancelhe, cinco apanhadoras cumprem de uma forma metódica a sua missão. Chegaram às 7h30. “Parecemos umas nazarenas. Mas em vez de sete saias usamos sete calças”, dizem esticando as costas e abandonando momentaneamente a posição desconfortável que assumem para escolher as melhores castanhas entre os ouriços que ainda vão caindo das árvores — a queda da castanha acontece durante cerca de duas semanas, o que obriga as apanhadoras a passarem pelo souto em média três vezes.