A vida que ninguém quer ver nos matadouros

São milhares de pintainhos a "chamar desesperadamente" pelas mães que nunca irão conhecer. Animais a crescer em espaços fechados, a serem tratados como produtos, depois a serem degolados em máquinas trituradoras. Assim, cruelmente, como o é na realidade. O vídeo de realidade virtual da associação Igualdad Animal mostra a vida (e a morte) dos frangos criados para a indústria alimentar. "O nosso objectivo é chocar as pessoas através de uma experiência mais real. [Ver este vídeo] não tem nada a ver com a sensação de ler um folheto sobre o tema", explicou ao El País Javier Moreno, fundador da associação. O projecto iAnimal — uma investigação nos matadouros de Espanha, França e Alemanha realizada com o objectivo de denunciar os maus-tratos sofridos pelos animais — inspirou-se em estudos do Virtual Human Interaction Lab, da Universidade de Stanford, que provava que pessoas submetidas e experiências de realidade virtual têm mais propensão a mudar de hábitos. A Igualdad Animal dedica-se a investigar a indústria da carne há mais de uma década e tem enfrentado cada vez mais dificuldade para "cruzar as portas desse mundo hermético". Para este vídeo — que é já o segundo desta espécie de série que em Março levou ao festival Sundance um vídeo em 360º sobre porcos — algumas pessoas da associação criaram laços com empresários desta área, até ganharem a confiança necessária para fazer gravações nos matadouros. Vê-lo é passar por minutos para a pele do animal. Os activistas querem agora levar este pequeno documentário a universidades e festivais de tecnologia. Para mudar mentalidades e hábitos com a ajuda da realidade virtual.