Sony acaba com o cão-robô Aibo

A empresa japonesa
vai concentrar-se em áreas mais lucrativas, já que estes brinquedos custavam cerca de 2000 dólares
e nunca se venderam muito

Os robôs não estão mesmo a vingar como companheiros do homem, ao contrário do que acontece em muitas histórias de ficção científica: a Sony anunciou que vai deixar de produzir o Aibo, o cão-robô, bem como o robô humanóide Qrio, que nunca passou mesmo de uma curiosidade, pois não era comercializado.O Aibo começou a ser vendido em 1999, e desde então a empresa japonesa já tinha vendido 150.000 unidades deste cãozinho robotizado, que nas suas últimas versões tinha um reportório de 1000 palavras e estava preparado para responder a várias ordens do dono, bem como a recolher imagens com câmaras localizadas atrás dos olhos e a tocar música. De certa forma, desenvolvia uma personalidade, em resultado da interacção com o dono.
Mas o preço de 2000 dólares fazia com que fosse mais uma graça cara do que brinquedo de grande consumo, embora tivessem surgido algumas cópias no mercado. "Os nossos negócios de base são a electrónica, os jogos e o entretenimento, mas vamos concentrar-nos em produtos que sejam lucrativos e de interesse estratégico", disse uma porta-voz da Sony, Kirstie Pfeifer, citada pelo site Cnet.com.
Ao mesmo tempo que estes produtos são descontinuados, a Sony acaba também com toda a unidade de robótica. O robô Qrio, que nunca chegou a ser produzido em série para ser posto à venda, vai continuar a aparecer de quando em vez, para dar um ar da sua graça, mas não deverá nunca chegar ao mercado. O Aibo continuará a ser vendido até se esgotarem os stocks, e a Sony continuará a prestar assistência às unidades já vendidas.
O fim do Aibo fez uma surgir na Internet uma leva de mensagens de desapontamento por parte dos seus donos e fãs, em sites como http://www.aibo-life.org ou http://www.aiboworld.tv, noticiou o jornal San Jose Mercury News.
"É mesmo triste", comentou David Calkins, professor de robótica na Universidade Estadual de San Francisco (Califórnia), citado pelo San Jose Mercury News. Calkins usa o cão-robô para as suas aulas, em equipas de futebol robótico. Várias outras universidades, aliás, usam o Aibo como uma ferramenta de ensino.
Mas Bruce Bender, que tem 56 Aibos e se apresenta como o maior coleccionador do mundo de cães robóticos, não tem intenções de deixar morrer discretamente o seu brinquedo de estimação. Diz que pretende organizar encontros periódicos para a comunidade internacional de proprietários de Aibos - à semelhança do que promoveu em Setembro, no qual conseguiu pôr 110 cães-robô a dançar em sincronia.
Feitas as contas, este anúncio da Sony é um golpe na ideia dos robôs como assistentes ou camaradas dos humanos, inspirados nas histórias de ficção científica de Isaac Asimov ou até na Rosie, a criada da família Jetson, dos famosos desenhos animais de Hanna Barbera. O conceito que triunfou foi o dos robôs utilitários, capazes de desempenhar tarefas repetitivas ou demasiado perigosas para seres humanos, como entrar em minas abandonadas ou zonas de desastre ou produzir carros em série.

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