E assim terminou uma história de rebeldia: "Oh well, whatever, nevermind"

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Os Nirvana em 1991, o ano de "Nevermind": o futuro ainda estava todo pela frente, mas só ia durar três anos STEVE GULLICK / THE HELL GATE PHOTOGRAPHY

Há 20 anos, uma banda de um lugarzinho chamado Aberdeen, EUA, entrava na vida de milhões de adolescentes com um refrão infeccioso, "here we are now/ entertain us", que resumia as aspirações de uma geração até então sentada no sofá. "Nevermind", dos Nirvana, agora reeditado em versão deluxe, não mudou o mundo - mas foi um capítulo solene de uma história de rebeldia juvenil.

Em Julho de 1951, Jerome Dwight Salinger, um jovem escritor que até então havia apenas publicado contos e histórias curtas na "New Yorker" e em revistas um pouco mais obscuras, editava o seu primeiro romance, "The Cather In The Rye".

O livro foi um sucesso quase imediato de vendas e de crítica. Os mais reputados e exigentes escritores norte-americanos, entre os quais Eudora Welty e William Faulkner, laudaram-no. A velha guarda da Alta Cultura, não encontrando razão para que assuntos comezinhos da mundanidade se tornassem motivo de Literatura, atacou-o sem piedade.

"The Catcher in the Rye" (que em português começou por se chamar "Uma Agulha num Palheiro" e depois, numa tradução mais recente, passou a "À Espera no Centeio") era um livro atípico para a época: não tinha um tema, no sentido canónico do termo, não tinha um herói, muito menos tarefa que este quisesse alcançar. Holden Caulfield, o protagonista, seria quando muito um anti-herói e a única coisa que queria era fugir. De tudo: da escola com as suas obrigações absurdas, dos colegas em que não se revia, da família com as suas regras incompreensíveis no lugar do afecto. O que "The Catcher in the Rye" tinha era um Holden à deriva, atraído pelas margens, movido apenas pela sua repulsa por tudo o que soasse a "phony" (falso).

Salinger não foi o primeiro a abordar o universo da juvenália na arte, claro. A título de exemplo, basta lembrar o "Werther" de Goethe, "O Jovem Törless" de Musil ou a poesia de Rimbaud. Mas as atribulações de Werther tinham uma justificação centrada nos seus desamores, ao passo que Salinger não nos dava qualquer justificação para o comportamento de Holden: tínhamos apenas a errância emocional do rapaz, o seu desamparo, uma raiva sem alvo.

Nesse sentido, "The Cather In The Rye" inaugura uma época: até aí, a cultura juvenil - como a dos jovens estudantes que nos anos 20 se embebedavam e drogavam em caves obscuras ao som do jazz dos negros - existia, mas não como fenómeno. Com Salinger a cultura adolescente passou a ser legítima: não só pela aceitação crítica, mas acima de tudo porque toda uma geração de adolescentes se reviu pela primeira vez numa personagem adolescente. Percebeu-se que havia adolescentes. E que estes tinham poder.

Quarenta anos depois, quando "Nevermind" foi colocado nos escaparates das lojas de discos dos EUA e da Europa, o turbilhão contido naquele segundo disco dos Nirvana não constituiu, portanto, uma grande novidade.

Logo após "The Catcher In The Ray", tinha havido o James Dean de "Rebel Without a Cause", de Nick Ray (cujo título não podia ser mais enganador: havia causas para a rebeldia de Dean, simplesmente os seus pais não as compreendiam). Nessa mesma década de 50, o rock"n"roll explodiu vendendo aos miúdos uma ideia de exaltação que entrava em contradição com a vida espartilhada que os pais lhes ofereciam. Dizem os cânones que os anos 60 levaram a rebeldia à sua eclosão máxima: o amor livre e as drogas serviram um processo de derrube da moral vigente que libertou toda a gente enquanto um grande braço de sol iluminou o mundo.

Hoje, na semana em que se comemoram os 20 anos de "Nevermind" com as inevitáveis reedições deluxe, o que podemos dizer sem grande margem para dúvidas é que quando os Nirvana surgiram mediaticamente há muito que o gesto de Holden Caulfield, de recusa da falsidade, de verdadeiro desconforto perante o mundo, tinha desaparecido da cultura juvenil - ou, por outra, tinha sido escondido da cultura de massas juvenil, atirado para a sarjeta ou usado pela indústria que se divertia a emular, em concertos de estádio, a verdadeira rebeldia, na realidade vendendo hedonismo e individualismo sem remissão.

Numa linguagem mais clara: quando os Nirvana treparam tabelas de vendas acima, quem lá estava eram Bryan Adams, os Guns"n"Roses e Michael Jackson. Resumindo: sebo, lixo e plástico.

Não é por acaso que a palavra "indústria" surge lá atrás. Não há livro ou documentário sobre Kurt Cobain ou os Nirvana que não diga que "Nevermind" foi "o disco que mudou para sempre a indústria". É preciso relativizar: o ser humano parece ter a necessidade de arranjar um epíteto para todos os objectos canónicos. Vale a pena voltar ao local para perceber se "Nevermind" mudou alguma coisa - e o quê.

Imaginemos um fim-de-semana soalheiro de Setembro, 1991, algures numa pequena cidade portuguesa. Temos um filho de 16 anos esparramado no sofá depois do almoço, aborrecido de morte. A mãe ordena-lhe que regue as plantas. Ele grunhe qualquer coisa ininteligível. A mãe recrimina a preguiça do rapaz, que por sua vez anuncia estar cansado. A mãe recorda-lhe uma lista infinita de pecados (a cama por fazer, a loiça que ele tinha prometido lavar, blá blá blá, não se cala), ele grunhe.

Por fim a mãe põe-lhe o regador na mão. A custo ele consegue levantar o corpo. Deixa o regador reclinar-se sobre as plantas sem ponderar por um segundo se os fetos pedem mais água que as orquídeas.

E quando se prepara para atravessar a sala em direcção a mais um conjunto de plantas (a mãe gostava muito de plantas porque uma casa a sério, uma casa feliz, tinha de ter plantas), vira a cara para a televisão de onde emana algo de poderoso, vital e urgente: vindo sabe-se lá de onde, como que conjurando forças poderosas até aí desconhecidas, há um riff, o riff de abertura de "Smells like teen spirit".

Ele nunca tinha ouvido nada assim. Sim, conhecia os discos dos Pistols pelas irmãs mais velhas. E os Doors, e os Velvet e tudo isso. E gostava. Mas isso, por muito boa música que fosse, era de outros tempos, era dos pais, dos tios, dos primos, das irmãs. E isto era o agora e era dele.

E aquilo ali é a água a cair do regador enquanto ele, distraído, abana a cabeça perante aquele vídeo em que se viam os putos a destruir um liceu.

Uma cultura de alienação

Casa a casa, pelo país inteiro, pela Europa inteira, pelos EUA inteiros, a mesma cena, com ou sem regador (que, já agora, acabou partido na cabeça do adolescente). O mesmo riff, a mesma força poderosa.

Se pensam que é exagero dizer que foi assim casa sim casa não pelo Ocidente inteiro, então é bom relembrar que tipo de furacão "Nevermind" foi: a Geffen, editora dos Nirvana, pôs cá fora 50 mil discos para os EUA mais 35 mil para o Reino Unido; mas porque duas semanas antes o vídeo de "Smells like teen spirit" já rodava na MTV, onde passava exclusivamente à noite, quando os discos chegaram às lojas havia encomendas para cerca de 250 mil exemplares.

Em Novembro, um milhão de exemplares vendidos. Em Janeiro, "Nevermind" chegava ao primeiro lugar das vendas e Michael Jackson caía do seu pedestal, partindo o nariz.

Os mais cínicos afiançam que não faz sentido dizer que os Nirvana mudaram a indústria, já que tinham a grande indústria por trás - e a indústria rapidamente escavou aquele filão capitalizando em toda a banda com um som vagamente semelhante. O disco, contudo, foi feito com menos de um quarto de milhão de dólares, equipamento, sala, produtor e masterização incluídos, o que a esse nível é um valor ridículo. E convém recordar que desde os idos de 60 que não se ouvia música com tanta violência emocional a passar em hora de ponta, com tanta exposição.

A pergunta que os media fazem desde então é "Porquê?". Porquê os Nirvana e não os Sonic Youth ou os Pixies. Porque não continuar a rebolar nos solos de Slash "in the cold november rain".

Bem, nós estamos programados para tentar dar sentido ao que por vezes não o tem. Por deficiência do nosso cérebro, simplesmente não aceitamos o factor "acaso". E assim sendo temos de cair no "cliché" geracional. Por alguma razão aquela música caiu no goto de uma geração inteira. A questão reside, portanto, em encontrar paralelos entre a dita geração e a música.

Em Portugal as coisas são relativamente simples. Fora das grandes cidades, não havia praticamente lojas de discos, só tínhamos dois canais na televisão e as hipóteses de definição do ego eram, no mínimo, escassas: podia ser-se desportista (ou variante surfista), ser da malta das motas, ou andar com a camisolinha às costas com nó à frente. Ou então, se se gostasse tanto de Prince como de punk, podiam-se passar tardes a pensar em emigrar. Sabíamos que tínhamos de ir para a universidade: era-nos dito de manhã à noite. Mas passava-se a tarde em casas de máquinas ou a jogar snooker porque não havia literalmente nada para fazer. (Literalmente.)

Há muito a dizer sobre não ter (literalmente) nada para fazer. No mesmo ano em que "Nevermind", saiu Richard Linklater realizou um filme sobre, bem, nada, chamado "Slacker". O filme, que ganhou imenso culto, deu origem a uma série de objectos semelhantes em que, invariavelmente, havia mais personagens masculinas do que femininas e a única coisa que faziam era fumar charros ao pequeno-almoço. (Convém referir que para estes protagonistas todas as refeições eram pequeno-almoço, tendo em conta que só tinham cereais para comer.)

Kevin Smith foi o realizador-fetiche desta saga de filmes, e se é abusado definir os típicos fãs dos Nirvana como "slackers" também é verdade que o grosso deles passou a maior parte da adolescência num estado semi-comatoso, a olhar estupidamente o infinito enquanto discutia banda-desenhada, ou balbuciava três sílabas sobre o cão perneta do vagabundo que ia pedir ao bairro da avó.

O sociólogo americano Paul Fussel encontrou uma definição mais apropriada para essa geração: "Têm tendência para trabalhar de forma intermitente, para não se preocuparem com salários ou automóveis, interessam-se por cinema estrangeiro, desconfiam dos media, mantêm um estilo descontraído". A descrição assenta na perfeição à maior parte dos países desenvolvidos e aos EUA em particular.

Este é o cerne da identificação entre a geração nascida nos anos 1970 e "Nevermind": uma cultura de auto-adormecimento, de alienação, de descrença nos pilares que a direita conservadora considera básicos, em particular a família. A família dizia-nos que tínhamos de estudar para entrar na universidade. Olhava-se e sabia-se: a família era "phony"; os professores eram "phony". O snooker pelo menos era verdadeiro: a bola ou entra ou não entra. Um cão com três patas é verdadeiro. (A menos que fosse da moca.) Mas a família vivia em pose, os professores viviam em pose, os motoqueiros viviam em pose, os surfistas eram burros como uma porta. Que fazer? Nada.

Não por acaso, em "Smells like teen spirit" Cobain gritava "Here we are now/ entertain us": o fã dos Nirvana é sujeito passivo.

Um rapaz de Aberdeen

A história da adolescência nos trâmites em que a conhecemos é coisa recente. O pós-guerra trouxe um bem-estar inigualável ao mundo ocidental, mas também uma desconfiança da diferença (dos comunistas aos gays). A geração de 1960 supostamente libertou o mundo de uma boa parte dos seus preconceitos (e as mulheres, e os negros), mas acabou alapada no poder deixando crescer o rabo.

Cobain odiava a geração de 1960. Nascido numa terrinha chamada Aberdeen, Washington, em que as madeiras eram a única indústria local, não só cresceu a abominar esse tipo de trabalhos (másculos, físicos) como toda a ideia de machismo. Simultaneamente, rejeitou a herança dos "baby boomers": o universo yuppie dos anos 1980 (em que cresceu).

Citação de Cobain: "Quando eram hippies defendiam grandes ideais. Depois tornaram-se yuppies nos anos 1980". E logo a seguir: "A minha geração desenvolveu um sentimento de cinismo em relação aos pais. São os maiores hipócritas do planeta".

Começa aqui a não-filosofia de Cobain: rejeita-se a ideia de vitória (associada aos yuppies), rejeita-se a ideia de masculinidade (por reacção ao universo violento em que cresceu), rejeita-se a própria ideia de ideal (por oposição aos pais).

Alguém disse com graça que "Nevermind" foi "o disco que todos os miúdos abusados da América compraram" e errou só num pormenor: não foi só da América. Não há certamente altura em que o ser humano se sinta mais "abusado" (não no sentido sexual do termo, antes no de ser coagido) do que na adolescência, razão pela qual se estabeleceu uma ligação directa entre "Nevermind" e todo o santo adolescente que alguma vez tenha a) levado na tromba dos colegas; b) usado aparelho nos dentes; c) falhado numa actividade física em frente a todo o liceu; d) outros milhares de exemplos que vocês estão neste exacto instante a querer esquecer.

De repente, "Nevermind" deu aos putos rédea solta para a sua auto-depreciação - que abrangia tudo: o cabelo, as camisas, as calças, os sapatos. Cobain era o anti-glamour, os putos foram ainda mais anti-glamour do que ele. Hoje vemos as garotas a irem de sandálias para a praia e, sim senhora, é normal. Há 20 anos iam de Doc Martens. Com 40 graus.

O que havia de extraordinário em "Nevermind"? Dava-nos licença para sermos estúpidos sem sermos machistas, para sermos agressivos sem sermos boçais, para sermos melancólicos sem sermos enconados, para nos borrifarmos para o mundo sem sermos sanguessugas.

Pode sempre perguntar-se que beleza pode haver em tanto negativismo. Muito simples: por um lado, soterradas no ruído das guitarras e no poder daqueles timbalões e daquela tarola, estão melodias lindíssimas; por outro, "Nevermind" e Cobain em particular tinham sobre toda a concorrência a vantagem de não haver neles um pingo de paternalismo.

Eddie Vedder, dos Pearl Jam, dizia: "Eu sei que o teu padrasto te arreia, a tua mãe não quer saber de ti e não consegues papar uma garota, mas se fumares uma ganza e apanhares uma onda ficarás bem". Cobain dizia: "Vão-se foder e deixem-me em paz com a minha droga".

Eis o momentos em que todos levantam o braço para dizer: "Hey, ó palhaço, mas olha que o Cobain queria ser famoso". Claro que queria e é exactamente essa ambiguidade que alimenta as melhores obras. (É um pouco como o bom sexo: "Quero saltar-te para cima, mas não te suporto". Transposto para o caso de Cobain: "Quero ser famoso, mas não vos suporto".)

A ideia de fama, em Cobain, é uma espécie de vingança sobre toda a gente excepto os seus queridos punks. Não é nada que não passe pela cabeça de um adolescente: ter sonhos mitómanos em que se vinga de toda a humanidade.

Mas é aqui que começam os equívocos acerca de Cobain e é aqui que "Nevermind" começa a tornar-se um clássico - ao contrário dos discos dos Alice In Chains, dos Soundgarden, dos Pearl Jam. É que por entre toda a sua mitomania, havia uma contradição mais a grassar em Cobain que o tornava profundamente belo: Cobain não era um desgraçado, era um trabalhador nato com sentido de humor danado (ver todas as mentiras que pregou em entrevistas).

Desde os nove anos de idade que Cobain tocava guitarra incessantemente. (Também pintava, e bem.) Quando formou a primeira banda com Krist Novoselic (baixista dos Nirvana), exigiu imediatamente pelo menos cinco ensaios por semana. Em "Journals", uma espécie de colecção dos seus diários, podemos ler várias versões de "Smells like teen spirit": aquilo que é uma canção simples deu imenso trabalho. (Também podemos ler que tinha receio de durante a noite começar a ter leite nas mamas. Mas é preciso ter em conta que o homem sabia que os diários iam ser lidos e que gostava de mentir compulsivamente.)

Um clássico aterrador

Por entre a névoa do seu cérebro, Cobain era um prodigioso arquitecto.

A ideia do vídeo de "Smells like teen spirit" é dele - bem como uma parte da não-coreografia. Todas as faixas de "Nevermind" foram pensadas ao milímetro para terem impacto em termos sonoros - tarefa levada a cabo pelo produtor Butch Vig.

E se para muitos (inclusive para Cobain) "Nevermind" foi um disco comercial, para outros (inclusive para Cobain) o que Vig fez foi burilar emoções. A escrita de Cobain tinha melhorado, a voz tinha melhorado, os Nirvana tinham um baterista fabuloso e havia coisas para dizer. Faltava melhorar a maneira como.

Vig dobrou a voz de Cobain, coisa que este queria fazer e nunca tinha experimentado. Os "takes" de voz são impressionantes: Cobain repete-os nota a nota, iguais, e (o que é miraculoso) sem desafinar, apesar de estar a ir buscar as notas às vísceras. A voz dobrada confere a cada refrão uma força explosiva. Isto não é comércio - é sabedoria.

Nas guitarras, Vig optou quase sempre por uma guitarra-ritmo limpa mais outra suja e, aquando da explosão, pelo menos mais duas, uma das quais define como "super-grunge". Ouvida de forma isolada, isto é, basicamente, ruído fodido, o tipo de ruído que está por todo o lado em "In Utero". Quando se ouvem as quatro guitarras juntas, a diferença é brutal. Esse truque, do lento-rápido, manso-violento, Cobain roubou-o aos Pixies - mas conferiu-lhe uma ferocidade que nem os Pistols tinham. E que mais ninguém voltou a ter.

É sabido que Cobain viveu os três últimos anos de vida aturdido com o êxito de "Nevermind". Queria diminuir o número de fãs à volta da banda, temia andar a ser ouvido pelo tipo de rapazes que antes lhe batiam no liceu. Mas havia outra contradição dentro dele, que salta ao ouvido em "Nevermind". Passamos a citar Everett True, jornalista e amigo de Cobain (ver texto secundário): "Ele não tinha coragem de admitir, mas sempre soube que era um grande escritor de canções".

Por muito que "Bleach", o primeiro disco, tivesse boas canções, "Nevermind" foi o momento em que Cobain se deixou ser escritor de canções em vez de apenas um punk. Ganhou um disco clássico, uma legião de fãs que o via como profeta, e depois sucumbiu não sem antes deixar um disco ainda mais aterrador (e possivelmente o último monumento do rock visceral).

Nunca mais um disco de tamanha violência emocional chegou a tanta gente. Pode então dizer-se que "Nevermind" mudou a indústria? Não. Pode dizer-se isto (e nunca é suficiente): que se foda a indústria.

"Nevermind" fez de alguns de nós tábua rasa, obrigou-nos a começar de novo, mudou-nos a vida ou alertou-nos para brincadeiras perigosas. Mostrou-nos que se o sol nasce para todos também se põe para todos - e que quando a noite é escura, é escura como breu.

O que aconteceu a essa miudagem que abanava a cabeleira ao som de "Nevermind"? Os dados indicam que que trabalha a recibos verdes e conta os tostões. Não planeia fazer revoluções. Quando ouve falar em mais impostos, encolhe os ombros e pensa:

"Oh well, whatever, nevermind".

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