Vítima de abuso sexual processa Uber por uso ilícito de relatório médico

Empresa norte-americana pensou que as acusações eram um golpe para prejudicar a companhia, organizado pela rival indiana, Ola Cabs.

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Reuters/Toby Melville

Uma mulher que foi abusada sexualmente na Índia, em Dezembro de 2014, por um condutor da Uber vai processar a empresa de norte-americano. Em causa está a utilização dos relatórios médicos, de forma ilícita, pelo director executivo da empresa no continente asiático.

No processo, Jane Doe - o nome fictício pelo qual a mulher é tratada - acusa a empresa de a “violar” duas vezes após “obterem e partilharem, de forma ilícita, os relatórios médicos do abuso sexual”, avança o The Verge, citando o processo judicial a que teve acesso.

Apesar de as informações médicas serem restritas ao médico e ao paciente, o director-executivo da Uber, Eric Alexander, teve acesso aos relatórios médicos da mulher, partilhando-os mais tarde com outros executivos da companhia. A acção judicial apresentada por Jane Doe é contra a própria empresa, bem como o seu presidente, Travis Kalanick, Eric Alexander e Emil Michael, o vice-presidente sénior.

De acordo com o The Verge, Alexander obteve os dados clínicos de Jane Doe, por acreditar que as alegações de abuso sexual eram uma sabotagem à empresa, levada a cabo pela sua principal concorrente na Índia, a Ola Cabs. Contudo, de acordo com a BBC, não se sabe como Alexander teve acesso aos relatórios clínicos.

“A negação de abuso sexual é mais uma forma de discriminação de género, que está enraizado na cultura da empresa”, declarou em comunicado o advogado de Doe, citado pela The Verge. “Espero que este processo judicial, juntamente com as mudanças recomendadas pelo conselho independente, leve a alterações na Uber”, acrescentou.

Em Dezembro de 2014, Travis Kalanick afirmou que faria "tudo para ajudar a levar este homem à justiça”. Segundo a BBC, o agressor, Shiv Kumar Yadav, foi condenado em 2015 a prisão perpétua.

Um porta-voz da Uber declarou em comunicado que “ninguém deveria passar por uma experiência horrorosa como esta”: "Estamos muito tristes por ela [Doe] ter de reviver o caso".

Em Fevereiro do ano passado, uma trabalhadora da empresa afirmou que foi alvo de assédio sexual e discriminação, durante o tempo que trabalhou para a companhia. Já no início deste mês, a Uber despediu 20 funcionários por assédio e comportamento impróprio.

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