Twitter não encontrou caminho para o lucro mas já sabe aquilo que quer ser

Empresa fechou 2016 com 427 milhões de euros de prejuízos. Prioridade para 2017 é reduzir o conteúdo impróprio.

Foto
A empresa reconheceu a necessidade de simplificar o serviço Reuters/REGIS DUVIGNAU

Dez anos depois da fundação, o Twitter diz ter encontrado a sua identidade. A empresa, que apresentou nesta quinta-feira resultados financeiros para 2016, anunciou ter identificado “claramente” aquilo que quer ser: “o sítio melhor e mais rápido para ver o que está a acontecer no mundo e aquilo de que as pessoas estão a falar”. Não é a primeira vez na sua história que o Twitter se tenta definir.

A rede social acumula prejuízos desde que foi criada e está a tentar encontrar o caminho da rentabilidade. Nos tempos recentes mudou de gestão, despediu pessoas, viu executivos abandonarem a empresa, lançou algumas funcionalidades novas e acabou com outras, num esforço de definir um produto que continue a atrair utilizadores e anunciantes.

Em comunicado, o Twitter, onde os utilizadores inveterados têm uma linguagem e forma de comunicação que podem não ser claras para todos os recém-chegados, diz ter “reconhecido a importância de simplificar e criar uma único local para as pessoas descobrirem o que está a acontecer” na rede social. A empresa refere ainda que a principal prioridade para 2017 será mitigar o conteúdo impróprio, um problema que tem suscitado várias críticas, sobretudo depois de alguns casos notórios de pessoas — entre as quais a actriz Leslie Jones — que foram insultadas e ameaçadas no Twitter. “Estamos a abordar a segurança com um maior sentido de urgência”, afirma o comunicado.

Em 2016, o prejuízo anual foi reduzido em 12%, passando de 521 milhões de dólares em 2015 para 457 milhões (cerca de 427 milhões de euros). As receitas aumentaram 14%, para 2530 milhões de dólares. O número de utilizadores activos continua a abrandar: 319 milhões de pessoas usavam o Twitter pelo menos uma vez por mês no final de 2016 (seis vezes menos do que o Facebook), o que significa um aumento de 4% em relação a 2015. O número de utilizadores diários, porém, está a aumentar a um ritmo superior.

Os dados mostram também que os anunciantes estão a preferir plataformas rivais. No quarto trimestre a empresa registou um decréscimo das receitas publicitárias, que representam a maioria da facturação da empresa. O Facebook, pelo contrário, comunicou um aumento significativo das receitas obtidas com anúncios. Aquele trimestre foi também o de menor crescimento de receitas desde que o Twitter entrou em bolsa, em 2013.

Os investidores não gostaram das notícias. Às 15h42 de Lisboa, menos de uma hora depois da abertura dos mercados financeiros nos EUA, as acções do Twitter caíam mais de 9%, para 16,95 dólares.

Sugerir correcção
Comentar