“São as startups que impulsionam a transformação” em muitas empresas

A nova directora geral da Microsoft diz que "a transformação digital já não é uma escolha", mas considera haver ainda "muito caminho para fazer nas organizações em Portugal".

Paula Panarra está na Microsoft Portugal há sete anos
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Paula Panarra está na Microsoft Portugal há sete anos Jornal Público
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Reuters/PICHI CHUANG

Há muitas razões para qualquer multinacional tecnológica querer estar atenta ao mundo das startups: estas empresas são potenciais em clientes, potenciais aquisições e, eventualmente, concorrentes a manter debaixo de olho. A nova directora geral da Microsoft Portugal, Paula Panarra, classifica o empreendedorismo como “um tema relevante para o país” e acrescenta um item àquela lista: “São as startups que impulsionam a transformação em muitas áreas dos nossos clientes”.

Panarra assumiu há dois meses as rédeas da empresa onde trabalha há sete anos. A conversa com o PÚBLICO aconteceu na sede da subsidiária, no Parque das Nações, em Lisboa, onde a nova directora geral é a única a ter uma espécie de gabinete: uma sala de reuniões, com grande mesa e um sofá branco, e acesso a um terraço com vista para o Tejo. De resto, a empresa gaba-se há muito de não dar lugares fixos de trabalho aos funcionários.

“Estamos num momento em que a transformação digital já não é uma escolha e ainda há muito espaço para fazer este caminho nas organizações em Portugal”, observou Paula Panarra. No que diz respeito às startups, a Microsoft tem uma estratégia de apoio, que passa por fornecer software e aconselhamento em termos de negócio. Além disso, estas novas empresas têm também ajudado a engrossar o rol de utilizadores dos produtos da multinacional: “A Microsoft tem continuado a crescer em todos os sectores. A estratégia de cloud [o fornecimento de serviços a pedido e via Internet] tem trazido muitos clientes, nomeadamente startups”, assegura a responsável. Mas faz questão de salientar que este “ é um trabalho de ecossistema, que passa pelas incubadoras e pelas aceleradoras” – o tipo de estrutura que se tem vindo a multiplicar nos anos recentes.

Em Portugal, a vaga de empreendedorismo levou ao aparecimento de inúmeras startups, algumas das quais com sucesso internacional, e ajudou a pôr o país (e Lisboa em particular) no radar de empresas estrangeiras que procuram recrutar talento ou que vêem Portugal como uma opção para instalaram operações. A Microsoft é uma delas. Em 2013, a empresa anunciou um novo centro de suporte internacional em Portugal, que acabou por crescer na sequência de uma consolidação feita pela multinacional. Esta operação reduziu o número global destas estruturas, que passaram a existir num leque mais reduzido de países. “A razão pela qual a Microsoft tomou esta a decisão [de criar e manter o centro em Portugal] foi a capacidade de recrutamento de engenharia de qualidade”, explicou Panarra.

Em Portugal, como em vários outros países, as startups competem aguerridamente por talento na área da informática. Para além disso, o discurso público, das universidades aos governantes, incentiva muito mais os jovens licenciados a criarem os seus negócios do que a seguirem para uma carreira corporativa. Panarra assegura, no entanto, que a Microsoft “não tem tido qualquer problema de recrutamento”. E, quando a questão da paridade de género é um dos temas quentes no sector das tecnologia (onde historicamente há um muito maior peso de profissionais masculinos), a percentagem de mulheres a trabalhar na subsidiária portuguesa é significativa. “Temos cerca de 30% de mulheres na organização, 25% nas áreas mais técnicas”, diz Panarra. “Qualquer empresa ganha se reflectir dentro de casa a distribuição da sociedade.”

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