Projecto apoia empresas portuguesas para aplicar tecnologia espacial na Terra

A iniciativa Small ARTES conta com um financiamento de até 25 mil euros apoiado por parte da Agência Espacial Europeia.

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Um programa dinamizado pelo Instituto Pedro Nunes (IPN), sediado em Coimbra, está a apoiar financeiramente três empresas portuguesas que estão a desenvolver ideias que tragam para a Terra tecnologia e conhecimento desenvolvido a pensar no espaço.

Os três projectos agora apoiados pela Small ARTES (Programa de Investigação Avançada em Sistemas de Telecomunicações) incidem sobre meteorologia espacial para apoio à navegação aérea, controlo e prevenção de danos em estruturas de energia eólica e comunicação entre máquinas e gestão de sistemas de forma remota aplicável na distribuição de gás e luz.

A iniciativa Small ARTES, que conta com um financiamento de até 25 mil euros apoiado por parte da Agência Espacial Europeia (ESA) para cada projecto, está a apoiar estas empresas até Junho, sendo que vai abrir "em breve" candidaturas para mais três projectos serem apoiados.

Segundo a coordenadora do Small ARTES, Inês Plácido, há a expectativa de as três ideias agora apoiadas serem "materializadas em projectos maiores, com consórcios nacionais e internacionais", de forma a conceber o produto até "uma fase pré-operacional".

Até Junho, as três empresas vão avaliar "a viabilidade da ideia, em termos técnicos e de negócio", de forma a tentar depois candidatura a programas maiores da ESA, explanou, sublinhando que a "reciclagem" de tecnologia espacial "está claramente a crescer", havendo 14 projectos já apoiados pelo IPN dentro de outra iniciativa.

Um dos projectos do Small ARTES é desenvolvido pela Deimos Engenharia, empresa sediada em Lisboa, que pretende utilizar algoritmos que são aplicados "nos sistemas de simulação de falhas" em veículos espaciais na melhoria dos sistemas de controlo e prevenção de falhas das unidades de produção de energia eólica, afirmou Elsa Alexandrino, da Deimos. A aplicação dos algoritmos "permite acções correctivas quase automáticas", garantindo "a prevenção de potenciais avarias, redução de custos de manutenção e diagnóstico remoto" destas unidades eólicas, acrescentou a responsável de desenvolvimento e de negócio da empresa.

Já a Present Technologies, de Coimbra, procura aplicar o conhecimento da meteorologia espacial no sistema de navegação e localização por satélite utilizado pelos aviões. Segundo o seu director-executivo, Paulo Martins, a meteorologia espacial pode criar interferências "nos sinais de satélite", o que pode ser um problema para a aviação, em que a dependência de sistemas de localização e navegação por satélite é cada vez maior.

A tecnologia que desenvolvem permite "ajudar os operadores de tráfego aéreo", emitindo um alerta num curto espaço de tempo sobre a possibilidade de interferência no sinal de satélite, explicou, salientando que a ideia está a ser desenvolvida em conjunto com a empresa Bluecover e o Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra.

Também dentro do programa está a VisionSpace, de Matosinhos, que utiliza a tecnologia "de comunicações via satélite" para a poder aplicar, por exemplo, em empresas de distribuição de gás e luz, que têm "redes que se espalham para zonas rurais onde é mais difícil os equipamentos fazerem um reporte automático", referiu Bruno Flávio, da equipa de projecto.

Aplicando esta tecnologia, o operador pode ter "mais controlo e fiabilidade", reduzindo custos, aclarou.

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