Google está mais rápido em Cuba, mas poucos podem aproveitar

O acordo com a fornecedora de telecomunicações cubana representa a primeira vez que uma empresa de Internet estrangeira tem operações naquele país.

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Desde 2014 que o Google trabalhava neste acordo Reuters/Pawel Kopczynski

Os servidores do Google chegaram a Cuba: ou seja, os cubanos com Internet vão ter um acesso melhor e mais rápido a vários serviços online da empresa, como o Youtube e o Gmail (o Google não vai fornecer Internet e a instalação dos servidores em Cuba beneficia apenas os serviços da própria empresa). Mas a maioria dos cidadãos não vai usufruir destas melhorias. 

A mudança faz parte de um acordo assinado entre a Alphabet  –  que é a dona do Google – e a fornecedora de telecomunicações em Cuba, a ETECSA. É a primeira vez que um empresa de Internet estrangeira passa a ter operações naquele país.

Em 2016, apenas 25% de uma população de 11 milhões tinha acesso à Internet. Os valores são da Amnistia Internacional, que descreve Cuba como o país mais “desconectado” do continente Americano. Além de o Governo bloquear vários sites, é muito raro ter-se uma ligação em casa. Apenas cerca de 5% das habitações tem acesso à banda larga, sendo que pertencem, por norma, às elites intelectuais. A restante população tem de utilizar a rede através dos hotspots (pontos de acesso à rede sem fios) espalhados pelo país (há 353, segundo a ETECSA) ou pagar pelo uso à hora em cibercafés. 

Porém, desde 2014 que a pequena percentagem de utilizadores tem ganho acesso a mais serviços online. Foi a altura em que os Estados Unidos (sob a administração de Barack Obama) e Cuba começaram a restaurar as relações diplomáticas, permitindo, nomeadamente, que empresas como o Netflix e o Google entrassem no país.

“O nosso envolvimento com o Governo cubano data de 2014, quando inicialmente lançámos uma variedade de produtos no país que incluíam o Google Chrome, o Google Play e o Google Analytics”, lê-se no comunicado da equipa do Google sobre o acordo recente. Nos últimos três anos, o objectivo tem sido melhorar o acesso da população do país aos seus serviços.

Em Dezembro de 2016, a ETECSA também desceu o preço de acesso à Internet por hora, de dois dólares para 1,50 dólares. Continua, porém, a ser um valor elevado para uma população com um salário médio inferior a 30 dólares por mês.

Segundo o Google, o trabalho feito em Cuba faz parte dos “valores de base” da multinacional para permitir que “a informação mundial seja útil e acessível a todos independentemente do custo, conectividade e barreiras de linguagem”. Ainda assim, o novo acordo não influencia a quantidade de pessoas que tem acesso à informação online no país.

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