No iPhone, um botão não é apenas um botão

Em vésperas de apresentação de novo modelo, a Internet acumula especulações. O fim do botão frontal tem sido um dos temas de discussão.

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A apresentação de novos modelos no ano passado Reuters/BECK DIEFENBACH

Como acontece todos os anos, as notícias e especulações em torno dos pormenores do novo iPhone vão-se avolumando à medida que se aproxima a data de apresentação, que tipicamente acontece em Setembro. Desta feita, e quando o aparelho que transformou o sector celebra o décimo aniversário, boa parte da discussão tem-se centrado na ausência de um botão na frente, um elemento que tem sido até aqui constante em todas as gerações do iPhone.

Desta vez foi a agência Bloomberg a noticiar que a Apple está a planear uma nova interface de utilização do iPhone e que as funcionalidades do botão serão substituídas por gestos e elementos digitais no ecrã. Com uma data oficial de apresentação ainda por anunciar (muito embora vários jornais tenham noticiado que evento será agendado para 12 de Setembro), a Bloomberg diz ter visto imagens do novo aparelho.

A ausência do botão permitirá um ecrã de maiores dimensões, uma moldura menor, e implicará também uma transformação na forma como as pessoas interagem com o telemóvel. A confirmar-se, a Apple estará muito longe de ser a primeira marca a apresentar um telemóvel sem botões físicos na zona frontal. Mas, neste caso, e de acordo com a Bloomberg, o botão físico não será simplesmente substituído por um equivalente digital na zona inferior do ecrã (como acontece com vários modelos de Android), mas dará lugar a uma nova lógica de interacção.

No sistema iOS, que equipa os iPhones, o botão serve, por exemplo, para voltar ao ecrã inicial, para activar a assistente virtual Siri e para aceder à lista de aplicações abertas (também é usado para identificar a impressão digital do utilizador, uma das formas de desbloquear o telemóvel). De acordo com a Bloomberg, a Apple planeia fazer com quem os utilizadores activem estas funcionalidades (e outras) através de gestos no ecrã e graças a um redesenho da interface do sistema, que passará a ter uma barra a partir da qual é possível aceder às aplicações (de forma semelhante ao que acontece com a chamada doca dos iPads, que por sua vez é uma adaptação do que existe para os computadores Mac).

A rival Samsung, que lidera o mercado em termos de unidades vendidas, tem mantido um botão físico em muitos dos seus modelos, mas substituiu-o por um botão digital nos mais recentes topo de gama Galaxy S8 e Note 8, lançados este ano.

Uma das maiores modificações do sistema iOS aconteceu em 2013, quando a Apple decidiu abandonar elementos visuais como texturas, efeitos tridimensionais e sombras – um estilo que marcou as primeiras gerações do iPhone, e que influenciou não apenas um grande número de aplicações naquela altura, como vários sites e programas de computador criados sem qualquer relação com o telemóvel. O novo sistema apresentava então um aspecto mais simples e uma série de gestos novos para o utilizador interagir com o aparelho.

O frenesim em torno do botão explica-se, em parte, pelo facto de o iPhone fazer dez anos (foi mostrado pela primeira por Steve Jobs em Janeiro de 2007 e posto à venda alguns meses depois). O aniversário tem feito crescer a expectativa de que o novo modelo trará novidades mais significativas do que aconteceu em alguns anos anteriores, quando os novos iPhones (tal como acontece com marcas rivais) acabaram por ser apenas evoluções face aos antecessores. Além disso, num mercado que já está maduro, a Apple espera que as novidades continuem a despertar o interesse dos consumidores pelo produto que é responsável por mais de metade das receitas da empresa: no segundo trimestre, as vendas de iPhones totalizaram quase 25 mil milhões de dólares, quando a facturação total da Apple se situou nos 45 mil milhões (38 mil milhões de euros).

Segundo a Bloomberg, o novo modelo trará também novas câmaras concebidas para serem usadas por aplicações de realidade aumentada (em que as imagens digitais se sobrepõem às imagens reais que o utilizador vê no ecrã e são captadas pelas câmaras), bem como um sensor de reconhecimento facial que funcionará também no escuro e permitirá activar pagamentos.

Frequentemente, os relatos feitos pela imprensa americana e pelos blogues especializados conseguem antecipar algumas das novidades depois mostradas pela Apple. Mas nem sempre as notícias acertam. “Estou bastante confiante de que o que vamos ver em Setembro quando anunciarem o novo telefone vai ser, pelo menos, bastante semelhante ao que estamos a noticiar”, ressalvou, num vídeo, o repórter da Bloomberg que assina a notícia.

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