Microsoft criticada por publicidade sexista

Homens constroem robôs e as mulheres fazem vídeos com gatos. Estas são as fotografias que motivaram a polémica em torno da publicidade dos novos óculos de realidade aumentada.

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No site da empresa, as mulheres são colocadas em cenários de decoração e com vídeos de gatos DR

Os HoloLens, os novos óculos de realidade aumentada da Microsoft, têm sido tema de conversa, mas não pelo motivo que a empresa gostaria. Na apresentação do produto, apontam-se os cenários possíveis onde os óculos podem ser utilizados, mas faz-se uma divisão entre universos masculino e feminino, recorrendo a estereótipos que têm sido criticados.

De um lado, os homens a pesquisar no Bing, a construir robôs através de hologramas e a combinar esta tecnologia com técnicas de impressão 3D ou a “viajarem” pelo Machu Picchu, no Peru, a jogarem videojogos ou a resolverem um crime com recurso a alta tecnologia ao estilo das séries policiais.

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Enquanto os homens constroem e são activos, nas imagens escolhidas pela empresa as mulheres contemplam DR

Do outro, as mulheres a fotografar sofás ou junto de um holograma com um gato que se senta numa pilha de tarefas acumulas, identificadas como urgentes (ASAP – As Soon As Possible). Nas cinco vezes que as mulheres aparecem no site (os homens aparecem oito) as tarefas que desempenham são secundárias quando comparadas com os cenários atribuídos ao sexo oposto.

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Esta não é a primeira vez que a empresa é acusada de sexismo DR

No entanto, se as imagens escolhidas mostram esta divisão desenhada em estereótipos, o mesmo não acontece nos vídeos partilhados ao longo da página e que acompanham os vários cenários e aplicações onde os HoloLens podem ser utilizados.

Também no vídeo partilhado no início de 2015 no canal da Microsoft no YouTube é uma mulher que constrói uma mota, com recurso à tecnologia de realidade aumentada.

Esta não é a primeira vez que a empresa é acusada de sexismo. Em Março, a festa da Conferência de Programadores foi criticada por dar as boas-vindas com mulheres a dançar em plataformas. Também este ano, a experiência com o chatbot (um software de conversação automatizada) também deixou sequelas. Tay, o avatar do programa no Twitter, acabou por escrever comentários racistas e sexistas, o que levou à suspensão do experiencia. Em comunicado, a Microsoft falava numa sabotagem por parte de um grupo anónimo.

Além disso, a percentagem de mulheres na empresa também não passa despercebida. No relatório de 2015, a empresa tinha 27,2% mulheres em cargos de liderança. Ainda assim, apesar da baixa percentagem, este é o número mais elevado de mulheres a desempenhar altos cargos registado pela empresa. No mesmo documento, a Microsoft sublinha que tem existido um esforço em aumentar estes números, não só no que respeita à representação feminina, mas também à representação de minorias étnicas. 

Citada pelo Mic, a Microsoft afirma ter feito um "esforço para representar um conjunto de casos que retratem toda a gente a usar os HoloLens, quer em cenários de negócios ou entretenimento".

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